Inaptidão, Decepção e Solidão: O Imaginário Coletivo de Comerciários sobre a Depressão

Inaptitude, Disappointment and Loneliness: The Collective Imaginary of Commercial Workers about Depression

Ineptitud, Decepción y Soledad: El Imaginario Colectivo de Trabajadores del Comercio sobre la Depresión

Andréa Aparecida Fernandes

Universidade Federal de Uberlândia

Manoel Antônio dos Santos

Universidade de São Paulo

Rodrigo Sanches Peres

Universidade Federal de Uberlândia

Resumo

Introdução: Pesquisas concernentes à temática da depressão junto a comerciários se justificam por diversos motivos, mas ainda são escassas. O presente estudo teve por objetivo compreender o imaginário coletivo de um grupo de comerciários sobre a depressão. Método: Estudo qualitativo pautado pelo método investigativo psicanalítico, do qual participaram nove comerciários de duas lojas de uma rede varejista de um município de pequeno porte. O instrumento utilizado foi uma entrevista grupal norteada pelo Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. O corpus de análise foi submetido a leituras flutuantes direcionadas à formulação de interpretações acerca de suas significações não conscientes. Resultados: Verificou-se que, conforme o imaginário coletivo dos participantes, a depressão afetaria gravemente a funcionalidade no contexto do trabalho, mas o meio laboral não representaria um possível disparador das frustrações e do sentimento de solidão que, para a maioria deles, desencadeariam a depressão. Discussões: As posições existenciais identificadas são capazes de ensejar silenciamentos diante do sofrimento psíquico relacionado ao trabalho. Conclusões: Os resultados podem ser aproveitados no planejamento de ações de saúde mental.

Palavras-chave: depressão, comércio, trabalho, saúde mental

Abstract

Introduction: Researches concerning the theme of depression among commerce workers are justified by several reasons, but are still scarce. The present study aimed to understand the collective imaginary of a commerce workers’ group about depression. Method: Qualitative study based on the psychoanalytic investigative method, in which the participants were nine commerce workers from two stores of a retail chain in a small-sized city. The instrument was a group interview guided by the Drawings-Stories with Theme Procedure. The corpus of analysis was submitted to fluctuating readings aimed at formulating interpretations about their non-conscious senses. Results: It was verified that, according to the participants’ collective imaginary, depression would severely affect functionality in the work context, but the labor environment would not represent a possible trigger for the frustrations and for the feeling of loneliness that, for most of them, would cause depression. Discussions: The existential positions identified may lead to silencing in the face of work-related psychological suffering. Conclusions: Results can be used in the planning of mental health actions.

Keywords: depression, commerce, work, mental health

Resumen

Introducción: Investigaciones sobre la temática de la depresión entre trabajadores del comercio se justifican por varias razones, pero aún son escasas. El presente estudio tuvo como objetivo comprender el imaginario colectivo de un grupo de trabajadores del comercio sobre la depresión. Método: Estudio cualitativo basado en el método investigativo psicoanalítico, en el que participaron nueve trabajadores del comercio de dos tiendas de una cadena minorista de de una pequeña ciudad. El instrumento utilizado fue una entrevista grupal guiada por el Procedimiento de Dibujo-Cuento Temático. El corpus de análisis fue sometido a lecturas flotantes destinadas a formular interpretaciones sobre sus significados no conscientes. Resultados: Fue verificado que, según el imaginario colectivo de los participantes, la depresión afectaría seriamente la funcionalidad en el contexto del trabajo, pero el ambiente laboral no representaría un posible desencadenante de las frustraciones y de los sentimientos de soledad que, para la mayoría de ellos, causarían la depresión. Discusiones: Las posiciones existenciales identificadas pueden conducir al silenciamiento frente al sufrimiento psíquico relacionado con el trabajo. Conclusiones: Los resultados pueden ser utilizados en la planificación de acciones de salud mental.

Palabras clave: depresión, comercio, trabajo, salud mental

Introdução

No âmbito da saúde mental, o termo “depressão” tem sido utilizado, por um lado, para aludir a uma condição transitória de tristeza que representa uma variação normal do tônus afetivo do indivíduo, conforme Dalgalarrondo (2019). Por outro lado, ainda acompanhando o referido autor, o mesmo termo também se presta a designar, de modo genérico, um conjunto de transtornos mentais cujo denominador comum é a tristeza persistente, associada a uma ampla gama de perturbações cognitivas, ideativas e neurovegetativas. Um estado momentâneo de infelicidade pode provocar sofrimento psíquico significativo, mas as síndromes depressivas são capazes de prejudicar o funcionamento psicossocial como um todo, inclusive inviabilizando a realização de atividades diárias básicas, em alguns casos.

Portanto, a depressão, configurando-se ou não como um quadro de adoecimento, tende a impactar negativamente – com maior ou menor gravidade – em diferentes esferas da vida, razão pela qual tem o potencial de ocasionar variadas repercussões profissionais, seja para o trabalhador ou para o empregador. As síndromes depressivas, a propósito, são apontadas como a principal causa de incapacidade laboral em nível global (World Health Organization, 2022). Ademais, Ribeiro et al. (2019) verificaram, por meio de uma revisão da literatura internacional, que a ocorrência de sintomas depressivos em um trabalhador compromete sua produtividade, intensifica seu absenteísmo e pode levá-lo ao desemprego ou à dependência de auxílio-doença. Em reconhecimento à magnitude do problema no país, a Associação Médica Brasileira recentemente definiu diretrizes para o diagnóstico e o tratamento da depressão no contexto do trabalho (Domingos Neto et al., 2019).

Para além disso, há de se considerar que, nas últimas décadas, o trabalho se consolidou como um elemento central da existência humana. Dessa forma, acredita-se que uma vida desprovida de sentido no meio laboral provavelmente fomentará a infelicidade fora dele (Antunes, 2013). O trabalhador contemporâneo, todavia, muitas vezes é submetido tanto a sobrecargas quanto a subcargas psíquicas, dentre as quais podem ser destacadas, respectivamente, a pressão por produção e a fragmentação do processo de trabalho, como observaram Viapiana Ribeiro et al. (2018). Nessa conjuntura, o trabalho se converte em uma importante fonte de desprazer, o que, conforme os referidos autores, tipicamente resulta em sofrimento psíquico e, em última instância, contribui para o desenvolvimento de transtornos mentais.

Contudo, parece razoável propor que as múltiplas relações que se estabelecem entre depressão e trabalho ainda não se encontram suficientemente compreendidas. Isso pode ser atribuído, ao menos em parte, ao fato de que, como revelou o levantamento bibliográfico realizado para os fins do presente estudo, as pesquisas consagradas especificamente ao assunto, a despeito de apresentarem enfoques diversificados, têm sido realizadas predominantemente junto a categorias profissionais específicas. No Brasil, nomeadamente, sobressai-se, nos últimos anos, o interesse da comunidade científica pela exploração da temática em amostras constituídas por diferentes profissionais de saúde (Julio et al., 2022), trabalhadores de educação (Baptista et al., 2019) e bancários (Linhares & Siqueira, 2014).

Outras categorias profissionais vêm sendo negligenciadas, a exemplo daquela composta por comerciários. Temos conhecimento de apenas uma pesquisa nacional que tematiza a depressão no universo do comércio, realizada por Cenci (2004). Analisando qualitativamente dados coletados por meio de entrevistas e grupos focais, a referida autora concluiu que, entre comerciários – e também bancários – de uma cidade da região Sul do Brasil, a depressão comumente é compreendida a partir de um sistema de explicação individualista, segundo o qual um sujeito deprimido seria o único responsável tanto por seu adoecimento quanto por sua recuperação. Paradoxalmente, essa pesquisa constatou que o sofrimento psíquico associado à depressão é legitimado apenas quando diagnosticado e tratado medicamente.

A investigação de temas relativos à depressão junto a comerciários igualmente têm recebido pouca atenção dos pesquisadores em nível internacional. Na contramão dessa tendência, Han et al. (2018) desenvolveram um estudo quantitativo na Coreia do Sul, com uma amostra numericamente representativa de profissionais do comércio mediante a utilização de diversos instrumentos de autorrelato. Em linhas gerais, os referidos autores constataram que, quanto mais as demandas laborais implicam na ocultação de emoções, maior o risco de depressão. Tal achado é relevante considerando-se que comerciários, geralmente, veem-se obrigados a se comunicar de maneira padronizada, demonstrando gentileza e simpatia pelos clientes (Wharton, 2009). No Brasil, essa obrigação é sintetizada em uma máxima largamente disseminada: “O cliente tem sempre razão”.

Cenci (2004) elencou outras duas justificativas básicas para o empreendimento de novas pesquisas concernentes à temática da depressão junto a comerciários. Em consonância com a primeira justificativa, profissionais do comércio lidam diretamente com pessoas, e isso constitui um estressor ocupacional capaz de favorecer o desencadeamento de transtornos mentais. A segunda justificativa coloca em relevo o fato de que o ramo de vendas – em especial no varejo – é pouco valorizado socialmente, o que conduz à insatisfação profissional. E julgamos oportuno acrescentar que comerciários podem ser considerados especialmente suscetíveis a sintomas depressivos, por serem constantemente pressionados a atingir rigorosas metas de produtividade, inclusive mediante a oferta de garantias, seguros e consórcios, até porque a remuneração por comissionamento é amplamente difundida no comércio varejista na atualidade (Moro & Amazarray, 2019). Sendo assim, o presente estudo teve por objetivo compreender o imaginário coletivo de um grupo de comerciários sobre a depressão.

Método

Marco teórico-metodológico

Trata-se de um estudo qualitativo, organizado em torno do conceito de imaginário coletivo em sua acepção psicanalítica, conforme forjado pela psicanalista brasileira Tania Maria José Aiello-Vaisberg e refinado por meio de uma série de pesquisas desenvolvidas a partir dos anos 2000. Tal conceito abarca variadas manifestações humanas, pois diz respeito a fenômenos cuja expressão pode se dar tanto em um plano simbólico quanto em um plano prático, por meio de crenças e fantasias, por um lado, ou comportamentos e atitudes, por outro lado (Rosa Ribeiro et al., 2021). E, como observaram Manna Ribeiro et al. (2018), o que unifica manifestações humanas aparentemente tão díspares é o fato de que todas elas possuem dimensões inconscientes.

Logo, o imaginário coletivo, à luz da Psicanálise, mescla elementos cognitivos e emocionais, afigurando-se como um complexo ideo-afetivo, preponderantemente não consciente (Fialho Ribeiro et al., 2014). É importante esclarecer que o imaginário coletivo resulta de elaborações individuais nutridas por experiências compartilhadas em grupos sociais. Consequentemente, representa o núcleo da subjetividade de um conjunto de pessoas e mostra-se determinante da postura dessas quanto a distintos tópicos (Peres, 2021). Tendo em vista o que precede, Rosa Ribeiro et al. (2019) defendem que o conceito de imaginário coletivo constitui um valioso acréscimo – nacional, vale destacar – ao vocabulário psicanalítico e, portanto, pode se revelar proveitoso em pesquisas qualitativas voltadas à exploração de diferentes temáticas psicossociais.

Faz-se necessário também explicitar que, no presente estudo, empregou-se o método investigativo psicanalítico conforme a leitura do psicanalista brasileiro Fábio Herrmann. O referido autor sublinha que o método investigativo psicanalítico se presta ao desvelamento e à interpretação de significações não conscientes acerca de uma ampla gama de questões humanas (Herrmann, 2017). Logo, possui caráter heurístico e pode ser utilizado no exame de dados oriundos de diversas fontes, e não apenas do setting clínico convencional, o que, inclusive, legitima sua adoção em pesquisas sobre o imaginário coletivo em sua acepção psicanalítica, como aquelas assinadas por Rosa et al. (2021), Ferreira-Teixeira et al. (2019) e Manna et al. (2018). Ressalte-se que essa leitura sobre o método investigativo psicanalítico não é consensual, pois outros autores sustentam que as sessões de análise constituem o locus primordial da produção de conhecimentos em Psicanálise. Ao fazê-lo, entretanto, comumente se apoiam em uma indevida equivalência entre o método investigativo psicanalítico e o método terapêutico psicanalítico, como esclarecem Mendes e Paravidini (2020).

Participantes

Os participantes do presente estudo foram nove comerciários, majoritariamente do sexo feminino (n = 6), que atuavam em duas lojas de uma mesma rede varejista de móveis e eletrodomésticos. A idade dos participantes oscilou dos 20 aos 44 anos, o nível de escolaridade predominante foi o Ensino Médio (n = 6), e os cargos ocupados foram os seguintes: vendedor (n = 3), operador de caixa (n = 2), gerente (n = 3) e jovem aprendiz (n = 1). A experiência dos participantes no comércio variou de seis meses a 21 anos. Cumpre assinalar que os participantes foram selecionados segundo o critério de conveniência, ou seja, em função da facilidade de acesso por parte dos pesquisadores, como geralmente ocorre em estudos qualitativos.

Cenário

As duas lojas que constituíram o cenário do presente estudo se localizavam em um município interiorano de pequeno porte e pertenciam a uma rede varejista de móveis e eletrodomésticos que atualmente conta com mais de 100 unidades físicas, distribuídas em diversos estados do país, em especial nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Julgamos importante informar ainda que a empresa possui origem familiar, mas recentemente converteu-se em sociedade anônima, na medida em que teve seu capital dividido em ações.

Instrumento

O instrumento utilizado no presente estudo foi uma entrevista grupal norteada pelo Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema (PDE-T). Tal instrumento já se encontra consolidado em pesquisas desenvolvidas em torno do conceito de imaginário coletivo em sua acepção psicanalítica, a exemplo daquelas assinadas por Manna et al. (2018) e Russo Ribeiro et al. (2009). Isso porque o PDE-T se afigura como uma estratégia investigativa de caráter lúdico, a qual viabiliza a configuração de encontros inter-humanos que se pretendem facilitadores de experiências criadoras, conforme Visintin Ribeiro et al. (2023). Ainda acompanhando as referidas autoras, o PDE-T proporciona uma materialidade propícia à expressão de conteúdos não conscientes, na medida em que, recorrendo a tal estratégia investigativa, o pesquisador, basicamente, solicita ao participante a elaboração de um desenho com um tema previamente definido em função do objetivo da pesquisa e, na sequência, a criação de uma estória sobre o desenho e a atribuição de um título para a estória.

Coleta de dados

O presente estudo foi autorizado pela Gerência de Recursos Humanos da empresa e, posteriormente, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de filiação dos autores (CAAE 90905518.0.0000.5152 / Parecer 2.975.905). Porém, o referido órgão determinou que a coleta de dados não poderia ser conduzida pela primeira autora, a fim de poupar os participantes de qualquer tipo de constrangimento, uma vez que ela, à época, trabalhava na área de Recursos Humanos da rede varejista, em que pese o fato de que não exercia suas funções diretamente junto aos possíveis participantes. Sendo assim, a coleta de dados foi executada por uma pesquisadora integrante do mesmo grupo de pesquisa, psicóloga com ampla experiência em práticas grupais e sem vínculo algum com a rede varejista.

A primeira autora se limitou a divulgar o presente estudo entre os participantes em potencial, ou seja, entre todos os profissionais do comércio (n = 24) das duas lojas da rede varejista na cidade. Não houve nenhuma recusa preliminar. Porém, de imediato, apenas cinco deles afirmaram que participariam. Os demais responderam que gostariam de fazê-lo, mas que necessitariam verificar se poderiam se ausentar de suas atividades para tanto. E, destes, somente quatro vieram a participar efetivamente.

A coleta de dados foi realizada em uma sala reservada, em uma das duas lojas em que os participantes trabalhavam, e ocorreu em um período em que parte deles tradicionalmente se reunia, tendo em vista que encontros periódicos eram realizados no próprio ambiente de trabalho para o repasse de informações organizacionais. Assim, não houve ônus para os participantes em relação à cooperação no presente estudo, tampouco comprometimento da rotina laboral. Destacamos que a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi obtida junto aos participantes pela pesquisadora responsável pela coleta de dados, que teve o cuidado ético de reforçar o compromisso com a preservação da privacidade e da confidencialidade dos dados. Os participantes foram informados de que poderiam declinar da participação a qualquer momento, ou então solicitar a retirada de seus dados do presente estudo antes de sua divulgação.

A entrevista grupal norteada pelo PDE-T foi gravada em áudio com a devida anuência dos participantes e transcorreu de forma tranquila, sendo que teve duração de 1 hora e 18 ­minutos. Em um primeiro momento, a pesquisadora solicitou aos participantes que, individualmente, desenhassem “uma pessoa com depressão”. Eles – que se encontravam sentados e dispostos em círculo – foram orientados a utilizar os lápis e folhas de papel que haviam acabado de receber. Em um segundo momento, os participantes foram requisitados a escrever, no verso das folhas de papel, uma estória sobre o desenho, bem como a atribuir-lhe um título. Em um terceiro momento, os participantes foram convidados a compartilhar com o grupo seus desenhos e suas estórias, sendo que, à medida que cada um deles o fez, a pesquisadora solicitou informações adicionais a respeito das produções quando considerou necessário e estimulou o debate, abrindo espaço para que cada participante pudesse apresentar seus comentários e suas reflexões.

É preciso esclarecer que a utilização do PDE-T pressupõe a concessão, pelo pesquisador, de ampla liberdade expressiva aos participantes. Por essa razão, optou-se, no presente estudo, por uma consigna apenas parcialmente diretiva, como costumeiramente acontece quando se adota tal estratégia investigativa. Conforme observaram Russo et al. (2009), o direcionamento necessário para que o objetivo da pesquisa possa ser alcançado é proporcionado tanto pela instrução apresentada aos participantes durante o emprego do PDE-T quanto pelo cenário em que se dá a coleta de dados. As referidas autoras, ao investigarem o imaginário coletivo de estudantes de Educação Física sobre crianças com deficiências, solicitaram aos participantes que desenhassem “uma criança com problema”, pois consideraram que a temática da deficiência estava implícita, já que a coleta de dados foi executada especificamente junto a alunos de uma disciplina que tratava da inclusão de pessoas com necessidades especiais na prática de exercícios físicos.

Análise de dados

O corpus de análise foi constituído pela transcrição literal e integral das verbalizações apresentadas pelos participantes durante a entrevista grupal, bem como, secundariamente, por seus desenhos e suas estórias conforme registradas por escrito. Dois pesquisadores, psicólogos com ampla experiência na realização de estudos qualitativos pautados pelo método investigativo psicanalítico, submeteram tal material, de forma independente, a leituras flutuantes, inspiradas na escuta descentrada adotada pelos psicanalistas diante do conteúdo apresentado por pacientes, para evitar a atribuição prévia de importância particular a determinadas questões mais específicas. As leituras flutuantes, assim, foram direcionadas à formulação de interpretações acerca de significações não conscientes do material. Essas interpretações foram, então, enriquecidas com base nos insights oportunizados pela discussão do corpus em uma reunião do respectivo grupo de pesquisa. Portanto, foi utilizada a estratégia analítica que, como observaram Rosa et al. (2019), afigura-se como a mais recorrente em pesquisas voltadas à exploração do imaginário coletivo em sua acepção psicanalítica.

A propósito, essa estratégia analítica encontra respaldo nos movimentos técnicos preconizados por Herrmann (1979) para a operacionalização do método investigativo psicanalítico, os quais podem ser sintetizados em duas atitudes básicas: “deixar que surja” e “tomar em consideração”. Deve-se ainda informar que as interpretações acerca de significações não conscientes do material visaram à captação de campos de sentido, como é de praxe em pesquisas sobre o imaginário coletivo em sua acepção psicanalítica. Campos de sentido equivalem a posições existenciais, estabelecidas intersubjetivamente e regidas por um conjunto de premissas que ultrapassam o registro da consciência e podem gerar repercussões concretas (Manna et al., 2018). No caso do presente estudo, em virtude do objetivo estabelecido, foram visados os campos de sentido que, conforme depreendidos pelos pesquisadores, sustentavam o imaginário coletivo dos participantes sobre a depressão.

Resultados

A análise dos dados subsidiou a captação de três campos de sentido, os quais foram assim denominados: (1) “Depressão-inaptidão”, (2) “Depressão-decepção” e (3) “Depressão-solidão”. A seguir, cada um deles será descrito e terá seu devido respaldo empírico evidenciado por meio da apresentação de relatos selecionados do corpus, por terem sido considerados particularmente emblemáticos.

“Depressão-inaptidão”

O primeiro campo de sentido foi organizado a partir da identificação, no corpus, de uma posição existencial de fundo capacitista, de acordo com a qual, para a maioria dos participantes, o sujeito que sofre de depressão se tornaria inapto a executar uma série de atividades diárias básicas. O Relato 1 ilustra essa posição existencial: “Se você tiver depressão, você não consegue realizar nada. Você não raciocina, você não consegue prestar atenção em nada [. . .] Você não tem vontade” (Participante 1 – operadora de caixa). O mesmo se aplica ao Relato 2, que elenca algumas esferas da vida em que a depressão impactaria negativamente: “[A depressão causa prejuízos] De forma geral. Tanto em casa quanto na rua. . . Entre amigos, tanto no trabalho, em outras áreas também” (Participante 4 – vendedora).

Contudo, em diversos momentos, os participantes sublinharam, a partir da referida posição existencial, que as repercussões da depressão se revelariam de maneira particularmente acentuada no contexto do trabalho. Um deles o fez ao caracterizar o personagem de sua estória, como se vê no Relato 3: “Ele [o personagem] perde a noção das responsabilidades. Em relação ao trabalho, por exemplo. Algumas responsabilidades não vão ser cumpridas por conta da depressão, por não querer ir trabalhar” (Participante 2 – gerente). O Relato 4 igualmente sintetiza tal ponto de vista: “[Uma pessoa com depressão] não tem ânimo também para trabalhar, não tem vontade própria de desenvolver suas atividades” (Participante 5 – vendedor). É interessante mencionar que o personagem da estória criada pelo Participante 6, gerente, como se estivesse se comunicando em primeira pessoa, frisou sua suposta incapacidade laboral ao afirmar o seguinte: “Sou muito ruim [. . .] meu trabalho é ruim”.

“Depressão-decepção”

O segundo campo de sentido indica que, segundo o imaginário coletivo dos participantes, a depressão seria causada por frustrações, sobretudo resultantes de problemas pessoais e/ou familiares, conforme se nota no Relato 5: “Eu acho que [a causa da depressão] pode ser problema na família ou alguma decepção amorosa” (Participante 3 – vendedora). O Relato 6, por sua vez, mostrou-se mais específico: “[A depressão] É sempre [. . .] uma consequência de uma decepção com aquilo que ela [a pessoa deprimida] acreditava mais. Exemplo: os filhos” (Participante 6 – gerente). Todavia, alguns participantes, na linha da posição existencial concernente ao segundo campo de sentido, incidiram em uma forma de ­culpabilização ao sinalizarem compreender que a depressão seria resultante, mais precisamente, dos pensamentos com base nos quais as frustrações e os problemas são enfrentados, como se vê no Relato 7: “A pessoa deprimida [. . .] só pensa em coisas negativas e inoportunas” (Participante 9 – gerente). Isso, inclusive, depreende-se do título da estória da Participante 7, operadora de caixa: “Me perdi em mim mesma”.

Ainda acerca do segundo campo de sentido, devemos realçar que poucos participantes indicaram que o meio laboral também poderia gerar frustrações e, como consequência, contribuir para o desenvolvimento da depressão. Porém, relatos desse teor não despertaram comentários por parte dos demais. O Relato 8 é um dos escassos exemplos quanto ao reconhecimento do papel do meio laboral como possível fonte de desprazer, considerando nomeadamente seu final, e, ao mesmo tempo, denota outra forma de culpabilização, já que alude a uma suposta fraqueza do sujeito deprimido em seu excerto inicial: “[A pessoa com depressão] não suporta o peso [. . .] Acho que é a questão dos afazeres do dia a dia, trabalhar. . .” (Participante 1 – operadora de caixa). O Relato 9, por outro lado, deixa implícito um possível fator ocupacional da depressão: “No próprio trabalho, as pessoas . . . só querem cobrar [e isso favorece o surgimento da depressão]” (Participante 6 –gerente). Já o Relato 10 foi o único enfático a esse respeito: “[A depressão é causada] por frustração no trabalho” (Participante 2 – gerente).

“Depressão-solidão”

Por fim, o terceiro campo de sentido se ancora na constatação de que a maioria dos participantes se caracteriza por uma posição existencial de acordo com a qual haveria uma via de mão dupla entre a depressão e a solidão, especialmente no que concerne à vida pessoal. É relevante sublinhar que, nos desenhos produzidos por sete deles, observam-se personagens sozinhos, e que a Participante 4, vendedora, comunicou que sua produção representava a “tristeza” e a “solidão”. Já a Participante 8, jovem aprendiz, informou que havia elaborado uma estória baseada em sua própria vida, tendo mencionado que sofreu um acidente automobilístico quando adolescente e que ficou acamada por um período prolongado em função de complicações dos procedimentos cirúrgicos aos quais foi submetida, além de, por vergonha e, principalmente, tristeza, ter recusado visitas de amigos e familiares. Nesse caso, portanto, o isolamento social seria uma consequência da depressão.

Em contrapartida, foi possível depreender que, no imaginário coletivo de alguns poucos participantes, ocupa lugar de destaque a crença em uma relação de causa e efeito entre a ruptura de laços sociais e o surgimento da depressão. Um indicador nessa direção é fornecido pelo Relato 11: “O isolamento leva a uma profunda depressão, que [o sujeito] pode chegar ao ponto de ser tirada a própria vida” (Participante 4 – vendedora). E o mesmo se aplica, mais indiretamente, ao Relato 13: “É onde a depressão se manifesta mais forte . . . A pessoa para de dar atenção às pessoas mais importantes de sua convivência e se fecha para o mundo” (Participante 1 – operadora de caixa). Logo, nenhum participante fez menção à solidão no meio laboral e, consequentemente, relacionou-a à depressão. A propósito, é importante esclarecer que nenhum personagem das estórias foi localizado pelos participantes no ambiente de trabalho, malgrado o cenário em que se deu a coleta de dados.

Discussão

Inicialmente, é preciso esclarecer que, em sua maioria, os participantes não enquadraram a depressão de forma precisa como uma variação normal do tônus afetivo de um indivíduo ou como um transtorno mental. Contudo, por terem enfatizado que as repercussões da depressão no tocante à execução de atividades diárias básicas seriam bastante acentuadas, conforme a posição existencial subjacente ao campo de sentido “Depressão-inaptidão”, parece razoável sugerir que os participantes, ao se depararem com a tarefa proposta durante a coleta de dados, foram remetidos à representação de uma pessoa que apresenta um quadro de adoecimento. Tal achado é relevante, na medida em que pode ser considerado um reflexo do movimento contemporâneo de patologização da existência humana que se mostra presente nos mais diferentes segmentos da sociedade e que, conforme Ceccarelli (2010), leva à generalização dos diagnósticos no âmbito da saúde mental ao fomentar o estabelecimento de uma equivalência entre singularidades e anormalidades.

O primeiro campo de sentido também aponta que, para a maioria dos participantes, a depressão prejudicaria sensivelmente o desempenho laboral. Por um lado, esse resultado é compreensível, levando-se em conta que a produção de um trabalhador deprimido muitas vezes se torna comprometida em termos quantitativos e qualitativos, o que pode resultar em afastamento do trabalho e, em casos mais graves, à aposentadoria por invalidez (Ribeiro et al., 2019). Por outro lado, nota-se que os participantes sinalizaram certa adesão a princípios capacitistas ao definirem uma pessoa com depressão com base, predominantemente, nas limitações causadas pela depressão, o que favorece atitudes estereotipadas e preconceituosas. Ávila et al. (2008) observaram algo semelhante ao explorarem o imaginário coletivo de professores do ensino superior a respeito da inclusão escolar, pois identificaram que eles voltavam suas atenções apenas às restrições dos alunos com necessidades especiais.

Faz-se necessário realçar que o afastamento do trabalho por transtornos mentais, como as síndromes depressivas, visa a promover o reestabelecimento da capacidade laboral e da saúde mental do trabalhador. Porém, não raro, o que sucede é justamente o contrário, na medida em que o afastamento do trabalho pode, como efeito colateral, conduzir à estigmatização e à rotulação, em consonância com Cavalheiro e Tolfo (2011). As autoras advertem que isso se deve ao fato de que, em muitas empresas, o sofrimento psíquico relacionado ao trabalho é totalmente rechaçado. Consequentemente, os trabalhadores que se mostram fragilizados emocionalmente são excluídos da “comunidade organizacional” (Siqueira et al., 2019). De nossa parte, acrescentamos que, nas instituições em que isso ocorre, muitas possibilidades de enfrentamento – individuais ou coletivas – do sofrimento psíquico são suprimidas, esteja a sua origem associada ou não ao meio laboral.

O campo de sentido “Depressão-decepção” revela que, para vários participantes, a depressão seria desencadeada por frustrações derivadas de problemas pessoais e/ou familiares. Logo, desapontamentos oriundos do ambiente de trabalho não foram salientados no corpus como possíveis causas da depressão. Tal achado contrasta com os resultados reportados por Moreira et al. (2013) em uma pesquisa transcultural desenvolvida no Brasil, no Chile e nos Estados Unidos, junto a pacientes com diagnóstico de depressão, sem profissão especificada. Isso porque, de modo geral, os participantes da referida pesquisa associaram o próprio quadro de adoecimento a fatores relativos ao meio laboral, entre os quais a insatisfação com a função desempenhada e com a remuneração recebida, o excesso de trabalho e o desemprego. É interessante mencionar que a coleta de dados foi realizada mediante uma entrevista constituída por uma única pergunta norteadora, a saber: “Que relações você encontra entre seu modo de viver e a sua depressão?”. Ou seja, não foram visadas, a priori, informações capazes de subsidiar, diretamente, a exploração de relações entre depressão e trabalho.

De forma análoga, Linhares e Siqueira (2014) verificaram que bancários tendem a apontar frustrações concernentes à vida profissional como a principal causa de suas vivências depressivas. Mais especificamente, os participantes da referida pesquisa afirmaram que a contínua busca pela consecução dos objetivos organizacionais gera intenso desgaste, assim como o cerceamento da criatividade e da liberdade no contexto do trabalho implica em uma sensação de invalidação. E parece razoável hipotetizar que ao menos uma parcela dos participantes do presente estudo talvez também já tenha se deparado com algumas dessas situações, ainda que em empregos prévios nesse ramo, pois, conforme frisamos anteriormente, cobranças de rigorosas metas de vendas têm sido dirigidas a muitos profissionais do comércio. Além disso, há de se considerar que, conforme Viapiana et al. (2018), os modos de produção determinados pelo capitalismo contemporâneo fomentam a emergência simultânea de sobrecargas e subcargas psíquicas. Diante do exposto, seria esperado que os participantes associassem, um pouco mais explicitamente, a depressão às frustrações que, ocasionalmente, provêm do meio laboral.

Todavia, ainda no que diz respeito à posição existencial que caracteriza o segundo campo de sentido, é válido salientar que a forma de culpabilização identificada nos relatos de alguns participantes vai ao encontro dos resultados obtidos na pesquisa desenvolvida junto a comerciários e bancários por Cenci (2004). Como mencionado, a autora verificou que, nesses dois grupos sociais, a maneira como se compreende a depressão é influenciada decisivamente pela cultura do individualismo típica da atualidade. A mesma cultura foi detectada em outro estudo sobre o imaginário coletivo, o qual, porém, teve como participantes estudantes de Educação Física e constatou que, para a maioria deles, a “vida saudável” representa uma responsabilidade individual, independente de ações governamentais (Fialho et al., 2014).

O campo de sentido “Depressão-solidão”, por sua vez, foi delimitado com base na constatação de que, em consonância com uma posição existencial apreendida no corpus, sentir-se deprimido e sentir-se solitário são condições que se influenciariam mutuamente na vida pessoal. Se considerada uma das direcionalidades dessa relação, o imaginário coletivo dos participantes revela um nítido alinhamento dos saberes populares aos saberes científicos acerca da etiologia das síndromes depressivas, pois a literatura especializada em saúde mental salienta que as perturbações ideativas próprias de tais transtornos mentais conduzem ao isolamento social (Dalgalarrondo, 2019). Mas não se deve perder de vista que tanto os saberes populares quanto a origem das doenças, embora possam se reestruturar mediante o contato com conhecimentos médicos, são ancorados nas experiências de vida das pessoas, como alertou Minayo (1988).

Possivelmente devido a essas experiências de vida, o isolamento social foi apontado com maior frequência pelos participantes como uma consequência da depressão, e não como uma causa. O fato é que eles colocaram em relevo a possibilidade de alguém sentir-se solitário – e, com isso, deprimido – ainda que esteja cercado por outras pessoas, pois enquadraram a solidão, basicamente, como um sentimento que emerge quando certas necessidades afetivas não são supridas. Contudo, tal fenômeno, de acordo com o que sugeriram os participantes, ocorreria somente fora do meio laboral, e disso se infere a crença de que a “comunidade organizacional” seria capaz de gerar uma sensação de pertencimento que impediria a eclosão da solidão. Os bancários que participaram da pesquisa de Linhares e Siqueira (2014) também associaram a solidão à vivência de insatisfação quanto ao atendimento de necessidades afetivas, mas a maioria demonstrou compreender que essa vivência pode derivar da falta de reconhecimento institucional, o que, salvo uma exceção pontual, não ocorreu no presente estudo.

Vale reforçar que, a fim de satisfazerem os clientes, comerciários geralmente são pressionados a adotar um rigoroso processo de gerenciamento da expressão das emoções (Han et al., 2018; Wharton, 2009). Para Siqueira et al. (2019), esse tipo de pressão promove a negação das individualidades e, assim, enseja a solidão no meio laboral. E, de acordo com Praun (2016), as relações de trabalho, desde os anos 1980, têm imposto uma forma de sociabilidade nociva aos laços de solidariedade. Ademais, cabe aqui mencionar que, em outra pesquisa consagrada à exploração do imaginário coletivo, também foi captada uma conexão entre o sofrimento psíquico e a solidão. Tal pesquisa apurou, mais especificamente, que, para um grupo de profissionais de saúde mental, o envelhecimento acarretaria o isolamento social, em parte como desdobramento das perdas associadas à aposentadoria (Simões et al., 2014).

Parece-nos oportuno conjecturar que, no presente estudo, a realização da coleta de dados no ambiente de trabalho pode, em certa medida, ter inibido alguns participantes, especificamente no que concerne à identificação do meio laboral como mobilizador tanto das frustrações quanto do sentimento de solidão que, em consonância com o imaginário coletivo desses, contribuiriam para o desenvolvimento da depressão. Não obstante, julgamos que seria precipitado descartar a hipótese de que a referida identificação não se deu com maior proeminência porque, de modo geral, os participantes talvez estivessem se sentindo satisfeitos profissionalmente, ainda que “apenas” por terem um trabalho formal. Afinal, na atualidade, há um contingente de aproximadamente 8,6 milhões de desempregados e 3,7 milhões de desalentados no país (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2023).

Considerações Finais

Em síntese, constatou-se que, conforme o imaginário coletivo dos participantes, a depressão afetaria gravemente a funcionalidade no contexto do trabalho, mas o meio laboral não representaria um possível disparador das frustrações e do sentimento de solidão que, para a maioria deles, desencadeariam a depressão. Logo, o presente estudo viabilizou a identificação de posições existenciais que, em um grupo de comerciários, podem, inconscientemente, ensejar silenciamentos diante do sofrimento psíquico relacionado ao trabalho. Afinal, os participantes sublinharam algumas relações que se estabelecem entre depressão e trabalho, ao passo que negligenciaram outras, ocultando, com isso, fatores de risco à saúde mental do trabalhador. Considerando-se a abrangência do conceito de imaginário coletivo em sua acepção psicanalítica, os resultados aqui reportados auxiliam a compreender a postura – sobretudo em termos de suas dimensões inconscientes – de integrantes desse grupo social inseridos em cenários similares a respeito do assunto.

Desde que o processo de aplicação de tais resultados a outros cenários seja feito respeitando-se as particularidades epistemológicas das pesquisas qualitativas, o presente estudo proporciona informações que poderão ser aproveitadas no planejamento de ações de saúde mental a serem ofertadas a profissionais do comércio. Em contrapartida, deve-se esclarecer que o presente estudo possui limitações, sobretudo porque contou com participantes vinculados a duas lojas de uma mesma rede varejista de móveis e eletrodomésticos. Recomenda-se que, em novas pesquisas consagradas à questão da depressão no universo do comércio, o recrutamento seja realizado em mais de uma empresa, de modo a estimular a emergência de perspectivas mais diversificadas, e que isso seja feito mediante a utilização de instrumentos que permitem ampla liberdade expressiva aos participantes, como ocorreu no presente estudo.

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Recebido em: 18/08/2023

Última revisão: 06/12/2023

Aceite final: 11/01/2024

Sobre os autores:

Andréa Aparecida Fernandes: Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Psicóloga clínica. E-mail: andreapfernandes989@yahoo.com.br, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5543-0399

Manoel Antônio dos Santos: Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Professor titular da USP. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail: masantos@ffclrp.usp.br, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8214-7767

Rodrigo Sanches Peres: [Autor para contato]. Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor associado da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail: rodrigosanchesperes@yahoo.com.br, ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2957-7554

doi: http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v16i1.2532

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