Uso de Álcool e Outras Substâncias Psicoativas por Homens Universitários Durante a Pandemia de Covid-19
Alcohol and Other Drug Use by College Men During the Covid-19 Pandemic
Consumo de Alcohol y Otras Sustancias Psicoactivas por Parte de los Hombres
Jaíne Aparecida Colecta Galhardo
Ana Karla Silva Soares
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Patricia Maria Fonseca Escalda
Universidade de Brasília (UnB)
Thiago Mikael Silva
Fundação Oswaldo Cruz
Cremildo João Baptista
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Alberto Mesaque Martins
Fundação Oswaldo Cruz
Resumo
A pandemia de covid-19 e as medidas de distanciamento social impuseram mudanças que impactaram negativamente na saúde mental dos homens universitários, favorecendo o uso de substâncias psicoativas (SPA). Trata-se de uma pesquisa quantitativa e exploratória, com o objetivo de verificar indicadores associados à pandemia de covid-19 e às medidas de distanciamento social na iniciação ao uso de álcool e outras SPA entre homens estudantes universitários de uma comunidade universitária do Centro-Oeste brasileiro. Participaram do estudo 485 estudantes universitários, os quais responderam a um formulário virtual autoaplicado. Os resultados apontam para associações entre pertencer ao grupo de risco da COVID-19 com o início do uso de substâncias lícitas, como o álcool e o tabaco. Além disso, foi possível observar associações entre ser estudante da graduação e ter iniciado o uso de substâncias ilícitas durante a pandemia de covid-19. Os resultados também chamam a atenção para a necessidade de se considerar o processo de construção social de masculinidades e suas implicações no uso de SPA.
Palavras-chave: usuários de drogas, masculinidade, covid-19, estudantes, saúde mental
Abstract
The COVID-19 pandemic and social distancing measures have imposed changes that negatively impacted the mental health of university men, favoring the use of psychoactive substance (PS). This is a quantitative and exploratory research aimed at verifying indicators associated with the COVID-19 pandemic and social distancing measures in the initiation of alcohol and other SUD use among male university students from a university community in the Brazilian Midwest. The study included 485 university students who completed a self-administered virtual questionnaire. The results point to associations between belonging to the COVID-19 risk group and the initiation of the use of legal substances, such as alcohol and tobacco. In addition, was associated it was possible to observe associations between being an undergraduate student and having started using illicit substances during the COVID-19 pandemic. The results also draw attention to the need to consider the process of social construction of masculinities and its implications on PS use.
Keywords: drug users, masculinity, COVID-19, students, mental health
Resumen
La pandemia de COVID-19 y las medidas de distanciamiento social han impuesto cambios que han impactado negativamente la salud mental de los universitarios, favoreciendo el consumo de sustancias psicoactivas (SPA). Se trata de una investigación cuantitativa y exploratoria, con el objetivo de verificar indicadores asociados a la pandemia de COVID-19 y a las medidas de distanciamiento social en el inicio del consumo de alcohol y otras SPA entre estudiantes universitarios varones de una comunidad universitaria del Centro Oeste brasileño. En el estudio participaron 485 estudiantes universitarios, quienes respondieron un formulario virtual autoadministrado. Los resultados apuntan a asociaciones entre la pertenencia al grupo de riesgo COVID-19 y el inicio del consumo de sustancias legales, como el alcohol y el tabaco. Además, fue posible observar asociaciones entre ser estudiante universitario y haber iniciado el consumo de sustancias ilícitas durante la pandemia de COVID-19. Los resultados también llaman la atención sobre la necesidad de considerar el proceso de construcción social de las masculinidades y sus implicaciones en el uso de SPA.
Palabras clave: consumidores de drogas, masculinidad, COVID-19, estudiantes, salud mental
Introdução
Nos últimos anos, o mundo se deparou com um dos mais importantes desafios sanitários: a pandemia de coronavirus disease 19 (covid-19), uma doença respiratória causada por um novo Coronavírus – SARS-CoV-2 (OMS, 2023). Em meio à esse contexto, milhares de pessoas perderam as suas vidas e um número ainda maior foi diagnosticado, trazendo sobrecargas aos serviços de saúde e inúmeros prejuízos à saúde física e mental, especialmente entre os grupos socialmente vulneráveis (Barbosa, 2020; Moura et al., 2022).
No Brasil, a pandemia de covid-19 foi marcada por três ondas significativas, com o maior pico registrado na segunda onda, chegando a 15 mil óbitos por semana, em oito semanas consecutivas (Moura et al., 2022). Diante do crescimento rápido e descontrolado de casos e mortes, a quarentena, ferramenta antiga utilizada pela humanidade para reduzir a progressão de infecções, foi imposta diante do avanço da doença em todo o mundo, caracterizando a restrição da circulação de pessoas suspeitas ou com diagnóstico positivo de covid-19 (Aquino, 2020).
Apesar de sua importância, as medidas de distanciamento social causaram impactos na população, sendo o mais visível o impacto financeiro, diretamente associado à economia (Aquino, 2020; Salomé et al., 2021), além da suspensão atividades presenciais, como reuniões, encontros familiares, práticas de lazer e de esporte, exigindo adaptação rigorosa, tanto física e social quanto emocional (Vercelli, 2020).
No âmbito da educação, as escolas se tornaram espaços temidos pelo risco de contaminação e transmissão da covid-19, levando à suspensão de aulas presenciais, em alguns casos, com consequente substituição do ensino presencial pelo ensino remoto, mediado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) (Arruda, 2020). Isso garantiu o cumprimento do cronograma e reduziu os prejuízos e atrasos no setor de educação (Vercelli, 2020). Os impactos da pandemia também geraram incertezas quanto à carreira profissional, especialmente no ensino superior, e tudo isso influenciou significativamente a saúde e o bem-estar da comunidade acadêmica (Ribeiro et al., 2023). Estudos constataram, em diversos contextos, prejuízos à saúde mental e à qualidade de vida (Arar; Chaves; Turci; Moura, 2023; Oliveira et al., 2022). Foi constatada a presença do sentimento de incapacidade diante do isolamento, medo da morte e de perda de entes queridos, além de sintomas de ansiedade, estresse e depressão, que se somavam a fatores como a quebra da rotina acadêmica, o distanciamento de colegas e a interrupção de estágios e atividades presenciais (Baptista; Martins, 2022; Batista et al., 2022; Gundim, 2021; Silva Filho et al., 2023).
Estudos apontam que, durante a pandemia de covid-19, sobretudo a partir da implantação das medidas de distanciamento social, a população brasileira recorreu ao uso das SPA, como medicamentos psicotrópicos, tabaco e álcool, cujas taxas de consumo registraram aumento no período (Galloni et al., 2021; Schram et al., 2022). Entre os estudantes universitários, constatou-se aumento de consumo de álcool, provavelmente para amenizar sintomas gerados pelo distanciamento social, como alteração de humor, angústia, irritabilidade e problemas financeiros (Galloni et al., 2021; Zierer et al., 2022). Nessa perspectiva, o álcool se destaca como a substância psicoativa (SPA) mais utilizada durante a pandemia, indicando que a mesma influenciou no consumo de substâncias (Queiroga et al., 2021).
Cabe discutir os diferentes graus de envolvimento com as substâncias psicoativas entre jovens e adultos pelo fato de existirem diferentes padrões de uso: experimental, esporádico ou recreativo, abusivo ou problemático e dependente (Galloni; Freitas; Gonzaga, 2021; Lima, 2022). Para Lima (2022), essa divisão pode ser inicialmente avaliada em uso na vida, no ano, no mês e uso frequente, que pode ser diário. Nessa direção, o uso experimental ocorre quando o indivíduo consome a substância de forma inédita, o recreativo têm sido cada vez mais frequente em confraternizações e locais de socialização e divertimento (Lima, 2022; Sousa; Brito; Tomasi, 2022). O uso abusivo, ou uso problemático, está associado a danos sociais e na saúde do indivíduo que inclui transtornos físicos e lesões decorrentes de acidentes e agressões (Pinheiro; Branco, 2020). Por último, há o padrão dependente, caracterizado como uma patologia crônica, classificada nos transtornos mentais por uso de substâncias como dependência química (APA, 2014).
Sob a perspectiva do consumo de substâncias no período da pandemia, é importante destacar as estratégias de enfrentamento de convivência no período do distanciamento social (Soccol & Tisott, 2020). Na internet, por exemplo, as lives foram fortemente utilizadas para a diversão doméstica, lazer e bem-estar (Clemente & Stoppa, 2020). As lives tiveram repercussão no ano de 2020 devido à suspensão das atividades coletivas, como shows e festas presenciais, constituindo um novo formato de entretenimento (Araújo & Cipiniuk, 2020). Contudo, elas foram grandes aliadas às propagandas da indústria de bebidas alcoólicas, pois cantores e artistas divulgaram e utilizaram o álcool, muitas vezes de forma abusiva e explícita (Soccol & Tisott, 2020). As lives mais assistidas estavam associadas ao cenário sertanejo com duplas, na maioria das vezes masculinas, e a maior parte das letras neste estilo musical retrata a vida de jovens, ideias de posse, festas, relacionamentos e alto consumo de bebidas alcoólicas (Soccol & Tisott, 2020).
Outros estudos vêm indicando que, durante a pandemia de covid-19, a população masculina apresentou taxas mais altas de infecção e mortalidade pela doença, destacando a importância de considerar a influência dos aspectos ligados à construção social das masculinidades (Chen et al., 2020; Medrado et al., 2020; Soares et al., 2021). Na mesma direção, Martins et al. (2024) constataram uma elevada presença de sintomas de depressão, ansiedade e estresse entre homens universitários no período de cumprimento das medidas de distanciamento social, sendo ainda maior entre os estudantes solteiros que viviam sozinhos e conciliavam os estudos com as atividades de trabalho.
Esse cenário também pode ter favorecido a iniciação ao uso de SPA, que, historicamente vêm sendo utilizadas, sobretudo por homens, como estratégia para lidar com o sofrimento e as adversidades, como aquelas impostas pela pandemia de covid-19 (Martins et al. 2024). Assim, esse estudo tem como objetivo verificar indicadores associados à pandemia de covid-19 e às medidas de distanciamento social na iniciação ao uso de álcool e outras SPA entre homens estudantes universitários de uma comunidade universitária do Centro-Oeste brasileiro.
Métodos
Tipo de Estudo
Trata-se de um estudo quantitativo, de caráter exploratório. A pesquisa quantitativa visa numerar e medir situações de forma precisa e objetiva, seguindo um pensamento e método previamente estabelecido, sendo uma das mais indicadas no campo exploratório (Proetti, 2017).
Participantes
Participaram da pesquisa estudantes de graduação e pós-graduação de quatro universidades federais do Centro-Oeste brasileiro. Os participantes responderam um formulário virtual autoaplicado, gerado a partir da ferramenta Google Forms, que continha questões de múltipla escolha divididas de acordo com a caracterização sociodemográfica e a vida acadêmica ou profissional, além de questões relacionadas ao uso de substâncias psicoativas durante a pandemia. Sabida as medidas de distanciamento social e físico, todos os participantes foram recrutados on-line. Para garantir melhor acesso, o link do questionário foi enviado por e-mail e disponibilizado em ambientes on-line das universidades.
Os dados foram coletados entre os meses de abril e setembro de 2021, no segundo ano da pandemia, no Brasil, quando as medidas de distanciamento social ainda estavam em vigor, incluindo a substituição das aulas presenciais por encontros virtuais. Foram incluídos membros da comunidade universitária maiores de 18 anos que aceitaram o convite e deram seu consentimento para participar. Foram excluídos os entrevistados que não tiveram seu consentimento informado para participar da investigação.
Visto o cenário de distanciamento e recrutamento on-line, não implementamos técnicas de amostragem probabilística para calcular o tamanho da amostra, mas limitamos um período de coleta de dados. Contudo, no presente estudo, foram consideradas apenas o recorte de respostas dos homens universitários.
Desfecho
O desfecho analisado foi a iniciação ao uso de substâncias psicoativas durante a pandemia de covid-19. Os participantes responderam à seguinte pergunta: “Você começou a usar alguma dessas substâncias agora, durante a pandemia?”. Os entrevistados poderiam responder não ou indicar álcool e/ou um ou mais grupos de outras substâncias psicoativas indicadas. O desfecho foi analisado de acordo com o tipo de substâncias que o respondente referiu ter começado a usar durante a pandemia: Álcool (qualquer bebida alcoólica); Tabaco (cigarros, narguilé, charutos, etc.); Medicamentos psicotrópicos (tanto prescritos q não prescritos) e substâncias ilícitas (cannabis, cocaína e sintéticos como anfetaminas, LSD, cetamina, anabolizantes etc.).
Procedimentos
A presente investigação integra um estudo transversal, exploratório e descritivo desenvolvido entre os meses de abril e setembro de 2021, durante o regime de distanciamento social e pandemia. Foi utilizada a técnica regressão stepwise, versão 4.2, para identificar o melhor subconjunto de variáveis independentes a incluir em cada modelo de regressão multivariável. Os modelos multivariáveis foram construídos via regressão logística binária, com obtenção de razões de chances (odds ratio – OR) e respectivos intervalos de confiança de 95%. Foram construídos separadamente modelos de regressão para cada tipo de substância, utilizando o teste qui-quadrado para testar diferenças das proporções entre categorias das variáveis independentes.
Os modelos foram ajustados pelo grau de escolaridade dos participantes. As variáveis intervenientes utilizadas foram as seguintes: sexo (masculino); cor da pele e raça (amarela, indígena, preta, parda ou branca); escolaridade (cursando graduação ou pós-graduação); ocupação; com quem mora (família, amigos e colegas de quarto ou sozinho).
Aspectos Éticos
O projeto de pesquisa foi submetido à avaliação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), recebendo aprovação por meio do parecer nº 3.971.653. Todos os participantes tiveram acesso aos objetivos da pesquisa e registraram o seu consentimento no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), disponibilizado virtualmente.
Resultados
Conforme pode ser observado na Tabela 1, ao todo, 485 homens universitários, de 18 a 29 anos de idade (média= 25,95, mediana= 23,0 anos, moda= 21,0 anos), acessaram o formulário on-line. Mais da metade dos participantes, 54% (n=262), eram pretos ou pardos; 60,6% (n=294) reportaram estar cursando a graduação; 42,9 (n=208) declararam ter religião, 82,1% (n=398) eram solteiros; 90,5 % (n=439) não tinham filhos; e 71,5% (n=347) residiam com familiares.
Do total de participantes, 48,8% (n=234) chegaram a reportar a conciliação do trabalho e estudo; parte da amostra, 15,3% (n=74), reportou ter trancado matrícula e/ou pedido licença do trabalho, por conta do formato remoto; 56,7% (n=275) realizou alguma atividade de bem-estar durante o distanciamento social; 36,1% (n=175) da amostra reportou ter passado por dificuldades financeiras e básicas; 23,7% (n=115) reportaram ter tido algum problema na saúde mental; 73% (n=354) relatou piora no estado mental durante o distanciamento social; 66,6% (n= 323) piora no rendimento escolar e/ou no trabalho durante o distanciamento social; 14,2 % (n=69) foram vítimas de algum tipo de violência durante o distanciamento social; e 48,9 % (n=237) reportaram a perda de algum familiar ou pessoa próxima vítima da covid-19.
De acordo com os dados da Tabela 1, é possível analisar correlações ao início do uso de substância à dificuldade financeira e básica, ao diagnóstico prévio de transtornos mentais, ao trancamento de matrícula na universidade ou pedido licença do trabalho, à piora no estado emocional durante o isolamento/distanciamento social/físico, à piora do desempenho acadêmico ou profissional, à pratica alguma atividade para o bem-estar, à ter tido algum sinal ou sintoma da covid-19, ao ser do grupo de risco, à ter perdido algum parente/amigo pela covid-19 e à ter sido vítima de algum tipo de violência durante as medidas de distanciamento social.
Tabela 1
Características Sociodemográficas e Análise
|
Iniciou o uso de SPA durante a pandemia de covid-19? |
||||
|---|---|---|---|---|
|
Fator |
Total (= 485) |
Não (n=341) |
Sim (n=144) |
valor-p |
|
Raça/Cor |
|
|
|
|
|
Amarelo e Indígena |
10 (2,1%) |
9 (2,6%) |
1 (0,7%) |
0,07 |
|
Branco |
213 (43,9%) |
158 (46,3%) |
55 (38,2%) |
|
|
Pretos ou Pardos |
262 (54,0%) |
174 (51,0%) |
88 (61,1%) |
|
|
Nível |
|
|
|
0,18 |
|
Graduação |
162 (33,4%) |
116 (34,0%) |
46 (31,9%) |
|
|
Pós-Graduação |
29 (6,0%) |
16 (4,7%) |
13 (9,0%) |
|
|
Estado civil |
|
|
|
0,41 |
|
Casado |
87 (17,9%) |
58 (17,0%) |
29 (20,1%) |
|
|
Solteiro |
398 (82,1%) |
283 (83,0%) |
115 (79,9%) |
|
|
Tem filhos? |
|
|
|
0,43 |
|
Não |
439 (90,5%) |
311 (91,2%) |
128 (88,9%) |
|
|
Sim |
46 (9,5%) |
30 (8,8%) |
16 (11,1%) |
|
|
Com quem você mora? |
|
|
|
0,35 |
|
Família |
347 (71,5%) |
246 (72,1%) |
101 (70,1%) |
|
|
Amigos e Colegas de quarto |
62 (12,8%) |
39 (11,4%) |
23 (16,0%) |
|
|
Sozinho(a) |
76 (15,7%) |
56 (16,4%) |
20 (13,9%) |
|
|
Ocupação |
|
|
|
0,20 |
|
Apenas estuda |
250 (51,5%) |
184 (54,0%) |
66 (45,8%) |
|
|
Apenas trabalha |
1 (0,2%) |
1 (0,3%) |
0 (0,0%) |
|
|
Trabalha e estuda |
234 (48,2%) |
156 (45,7%) |
78 (54,2%) |
|
|
Você chegou a trancar matrícula ou pedir licença no trabalho por causa do estudo/trabalho remoto? |
|
|
|
*0,001 |
|
Não |
411 (84,7%) |
304 (89,1%) |
107 (74,3%) |
|
|
Sim |
74 (15,3%) |
37 (10,9%) |
37 (25,7%) |
|
|
Você se sente informado sobre as medidas de distanciamento social? |
0,08 |
|||
|
Não |
41 (8,5%) |
24 (7,0%) |
17 (11,8%) |
|
|
Sim |
444 (91,5%) |
317 (93,0%) |
127 (88,2%) |
|
|
Por quantas horas fica sozinho sem interagir com outras pessoas? |
0,15 |
|||
|
12h a 24h |
101 (20,8%) |
67 (19,6%) |
34 (23,6%) |
|
|
1h a 12h |
352 (72,6%) |
247 (72,4%) |
105 (72,9%) |
|
|
0h |
32 (6,6%) |
27 (7,9%) |
5 (3,5%) |
|
|
Você sentiu algum sinal ou sintoma da doença do Coronavírus? |
|
|
|
*0,04 |
|
Não |
319 (65,8%) |
234 (68,6%) |
85 (59,0%) |
|
|
Sim |
166 (34,2%) |
107 (31,4%) |
59 (41,0%) |
|
|
Realiza alguma atividade para o bem-estar durante o isolamento social? (atividade física, práticas integrativas e complementares, meditação, yoga etc.). |
*0,01 |
|||
|
Não |
210 (43,3%) |
135 (39,6%) |
75 (52,1%) |
|
|
Sim |
275 (56,7%) |
206 (60,4%) |
69 (47,9%) |
|
|
Durante o distanciamento social você passou por alguma dificuldade financeira ou falta de alimentos, água, luz ou outros itens de necessidade básica que você não passava antes? |
*<0,001 |
|||
|
Não |
310 (63,9%) |
242 (71,0%) |
68 (47,2%) |
|
|
Sim |
175 (36,1%) |
99 (29,0%) |
76 (52,8%) |
|
|
Autopercepção da duração das medidas de distanciamento social |
0,24 |
|||
|
Curta/normal |
43 (8,9%) |
35 (10,3%) |
8 (5,6%) |
|
|
Longa/exagerada |
136 (28,0%) |
94 (27,6%) |
42 (29,2%) |
|
|
Média/aceitável |
306 (63,1%) |
212 (62,2%) |
94 (65,3%) |
|
|
Você sente medo de ser contaminado pelo Coronavírus? |
|
|
|
0,09 |
|
Não |
115 (23,7%) |
88 (25,8%) |
27 (18,8%) |
|
|
Sim |
370 (76,3%) |
253 (74,2%) |
117 (81,2%) |
|
|
Professa alguma religião? |
|
|
|
0,34 |
|
Não |
277 (57,1%) |
190 (55,7%) |
87 (60,4) |
|
|
Sim |
208 (42,9%) |
151 (44,3%) |
57 (39,6%) |
|
|
Você já foi diagnosticado com algum problema de saúde mental? |
|
|
|
*<0,001 |
|
Não |
370 (76,3%) |
287 (84,2%) |
83 (57,6%) |
|
|
Sim |
115 (23,7%) |
54 (15,8%) |
61 (42,4%) |
|
|
Você faz parte do grupo de risco para a doença do Coronavírus? |
|
|
|
*0,01 |
|
Não |
378 (77,9%) |
276 (80,9%) |
102 (70,8%) |
|
|
Sim |
107 (22,1%) |
65 (19,1%) |
42 (29,2%) |
|
|
Você sente que o estudo ou o trabalho remoto ajuda a diminuir a sensação de isolamento social? |
|
|
|
0,14 |
|
Não |
299 (61,6%) |
203 (59,5%) |
96 (66,7%) |
|
|
Sim |
186 (38,4%) |
138 (40,5%) |
48 (33,3%) |
|
|
Você sente falta de contato social face a face neste momento de distanciamento social? |
|
|
|
0,23 |
|
Não sinto |
79 (16,3%) |
60 (17,6%) |
19 (13,2%) |
|
|
Sinto |
406 (83,7%) |
281 (82,4%) |
125 (86,8%) |
|
|
Com o isolamento social, você sente que seu estado emocional: |
|
|
|
*<0,001 |
|
Melhorou |
38 (7,8%) |
32 (9,4%) |
6 (4,2%) |
|
|
Não mudou |
93 (19,2%) |
79 (23,2%) |
14 (9,7%) |
|
|
Piorou |
354 (73,0%) |
230 (67,4%) |
124 (86,1%) |
|
|
Com o isolamento social e as aulas/trabalho remoto, você sente que seu desempenho escolar ou profissional: |
|
|
|
*0,003 |
|
Melhorou |
64 (13,2%) |
53 (15,5%) |
11 (7,6%) |
|
|
Não mudou |
98 (20,2%) |
77 (22,6%) |
21 (14,6%) |
|
|
Piorou |
323 (66,6%) |
211 (61,9%) |
112 (77,8%) |
|
|
Durante o distanciamento social você sofreu algum tipo de violência (doméstica, de gênero, psicológica, verbal, moral etc.)? |
|
|
|
*0,001 |
|
Não |
416 (85,8%) |
304 (89,1%) |
112 (77,8%) |
|
|
Sim |
69 (14,2%) |
37 (10,9%) |
32 (22,2%) |
|
|
Você perdeu alguma pessoa do seu círculo íntimo de convivência (familiar, amigo(a), colega etc.) vítima de covid-19? |
|
|
|
*0,007 |
|
Não |
248 (51,2%) |
188 (55,1%) |
60 (41,7) |
|
|
Sim |
237 (48,9%) |
153 (44,9%) |
84 (58,3%) |
|
|
Nota. Não = não iniciou uso de SPA durante a pandemia e Sim = iniciou o uso de SPA durante a pandemia |
||||
Os resultados também apontam para um número expressivo de estudantes que iniciaram o uso de SPA durante a pandemia de covid-19, correspondendo a 144 participantes (29,7%). A Tabela 2 apresenta correlações (valor-p) sobre o início do uso de SPA durante a pandemia de covid-19 de acordo com o tipo de substância. No que se refere ao início do uso de substâncias lícitas, álcool e tabaco, foi possível analisar associações entre ser do grupo de risco da covid-19 e ter iniciado o uso de álcool e tabaco durante a pandemia. Já no início do uso de substâncias ilícitas, de acordo com a escolaridade, foi possível observar associações entre ser estudante da graduação e ter iniciado o uso de substâncias ilícitas durante a pandemia de covid-19.
Tabela 2
Características de Escolaridade/Grupo de Risco e Análise do Início de Uso de SPA
|
SPA |
Características |
odds ratio-OR |
valor-p |
|
Álcool |
Graduação |
1,305 |
0,65 |
|
Pós-graduação |
0,827 |
0,74 |
|
|
Grupo de risco para covid-19 |
2,938 |
*<0,002 |
|
|
Tabaco |
Graduação |
0,943 |
0,93 |
|
Pós-graduação |
0,819 |
0,77 |
|
|
Grupo de risco para covid-19 |
1,996 |
*0,04 |
|
|
Psicotrópicos prescritos e não prescritos |
Graduação |
4,437 |
0,15 |
|
Pós-graduação |
3,983 |
0,12 |
|
|
Grupo de risco para covid-19 |
1,695 |
0,12 |
|
|
Substâncias ilícitas |
Graduação |
4,473 |
*0,03 |
|
Pós-graduação |
1,897 |
0,36 |
Por se tratar de um estudo que investiga as masculinidades e sua relação ao início do uso de substâncias, foi considerado características e variáveis da pesquisa para maior exploração na população masculina no tópico discussão.
Discussão
Estudos vêm evidenciando que o ingresso na vida universitária pode acarretar mudanças nos hábitos de vida de forma significativa, impactando negativamente na saúde mental dos estudantes, mesmo antes da pandemia (Oikawa, 2019; Ribeiro et al., 2023). Durante toda a trajetória acadêmica, os estudantes se deparam com um universo marcado pela competitividade e altas exigências de desempenho, contribuindo para o surgimento de sintomas de estresse, depressão e ansiedade, especialmente entre os calouros, que vivenciam, mais intensamente, mudanças de vida e inserção em um universo marcado por cobranças e novas exigências (Bastos et al., 2019; Magalhães; Marra, 2024; Torres et al., 2021).
No presente estudo, foi possível constatar um grande número (73%) de homens que relataram piora no estado mental durante o distanciamento social. Uma pesquisa brasileira realizada com 333 estudantes universitários (homens e mulheres) revelou implicações da pandemia de covid-19 no estado emocional dos participantes durante as medidas de distanciamento social, sendo recorrente os sentimentos de grande angústia, piora no sono e aumento no nível de estresse (Silva Filho et al., 2023).
Também foi possível observar nos achados na presente pesquisa que, durante a pandemia de covid-19, os homens enfrentaram o luto após a morte de pessoas do círculo íntimo de convivência. Alves (2023) aponta que o grande número de mortes de pessoas próximas gerou um sentimento de perda para muitos jovens no período. A morte de familiares e as restrições das cerimônias funerárias foram fatores significativos para o sofrimento emocional e dificuldades nos processos de luto. O aumento do sofrimento psíquico em relação à perda está fortemente associado à falta de elaboração do luto, com dificuldades para a realização de rituais de despedida de entes queridos durante a pandemia de covid-19 (Lima, 2022; Scaramussa et al., 2023). Estudos apontam que muitos homens buscam nas SPA um amparo para lidar com o processo de luto já que, ainda hoje, eles são incentivados a não demonstrarem nenhum sinal de sentimento e tristeza, mesmo diante do falecimento de pessoas próximas, o que contribui para um maior sofrimento e uso desprotegido de SPA (Alves, 2023; Martins et al., 2024)
Frente ao exposto, e conforme foi possível verificar no presente estudo, observou-se uma associação entre se reconhecer como pertencente a um grupo de risco da covid-19 e a iniciação ao uso de SPA, podendo estar relacionada ao medo da contaminação pelo vírus e da morte, haja vista aqueles que tiveram algum sinal ou sintoma da doença, apresentavam algum diagnóstico de doença crônica, como a diabetes e hipertensão, eram fumantes, gestantes, idosos e imunocomprometidos, tinham condições clínicas e psiquiátricas prévias, eram familiares de pacientes infectados e residentes em áreas de alta incidência e apresentaram piora em seu estado de saúde mental (Ornell et al., 2020). Em um estudo brasileiro realizado com 400 homens, no período da pandemia de covid-19, constatou-se a presença significativa sintomas de angústia, estando relacionados ao sentimento de impotência, medo da morte, incertezas e inquietações, devido ao cenário negativo (Sousa et al., 2020). Segundo os autores, a piora no estado mental provocou maior reflexão sobre o autocuidado e a autoproteção nos homens, habilidades não valorizadas no processo de construção da masculinidade (Sousa et al., 2021).
Na presente pesquisa, ter sido vítima de violência durante a pandemia de COVID-19 foi uma das correlações associadas ao início do uso de SPA. Corroborando com os dados aqui obtidos, Lima et al. (2022) constataram um aumento na violência doméstica no período da pandemia de covid-19, principalmente durante o período de maior distanciamento social. O mesmo cenário também foi analisado por outros autores, como Fernandes & Obregón (2022), que constataram um crescimento nos casos de violência durante o período pandêmico. Nesse contexto, a violência contra os homens no período da pandemia esteve fortemente vinculada aos grupos socialmente vulneráveis, especialmente à população LGBTQIAPN+, que passou a estar confinada com seus familiares, convivendo com preconceito e a violência dos seus familiares e círculo social mais próximo (Sandoval et al., 2023).
Santo & Souza (2021) descrevem os tipos de violências além da física e sexual, talvez as mais conhecidas, abordando também a violência psicológica e moral. A violência psicológica é aquela que o agressor atinge a honra subjetiva da vítima, em forma de verbalização, como humilhações, menosprezos, chantagens, entre outros (Tonel; Venturini; Silveira; Zancan, 2022). A violência moral está associada a crimes ou até a ações criminosas, todas elas associadas ao desrespeito (Martins, 2015).
Em relação às dificuldades financeiras e básicas, é possível imaginar como questões econômicas e perdas financeiras afetaram a população de modo geral, sobretudo na pandemia, em meio à imposição das medidas de distanciamento social. No presente estudo, foi possível observar que 36,1% dos homens relataram ter passado por dificuldades financeiras e básicas durante a pandemia de covid-19. Segundo Araújo & Machado (2020), este período também foi marcado por um impacto financeiro decorrente da instabilidade de empregos, o que causou diminuição e carência de renda. Assim, a interrupção das atividades laborais, em meio às medidas de distanciamento social, resultou em perdas financeiras e inseguranças quanto à manutenção da subsistência e sobrevivência, o que pode ter contribuído para o agravamento do sofrimento psíquico entre a população mais pobre (Sandoval et al., 2023).
Considerações Finais
De modo geral, os resultados do presente estudo se somam a outras investigações nacionais e internacionais que vêm constatando os prejuízos à saúde mental ocasionados pela pandemia de covid-19 e que persistem neste período pós-pandêmico. Além disso, os resultados apontam para a importância de se considerar o processo de determinação social e suas repercussões na saúde mental masculina, exigindo uma abordagem que integre os aspectos individuais e coletivos.
Nesse sentido, os resultados apontam para correlações entre o início do uso de SPA à dificuldade financeira e básica, ao diagnóstico prévio de transtornos mentais, ao trancamento de matrícula na universidade ou pedido licença do trabalho, à piora no estado emocional durante o isolamento/distanciamento social/físico, à piora do desempenho acadêmico ou profissional, à pratica alguma atividade para o bem-estar, à ter tido algum sinal ou sintoma da covid-19, ao ser do grupo de risco, à ter perdido algum parente/amigo pela doença e à ter sido vítima de algum tipo de violência durante as medidas de distanciamento social.
Além disso, quase um terço dos homens participantes do estudo relataram ter iniciado o uso de substâncias psicoativas (SPA) durante a pandemia de covid-19. Em relação às substâncias lícitas, como álcool e tabaco, observou-se associação entre pertencer ao grupo de risco para a Covid-19 e o início do uso. Já no que se refere às substâncias ilícitas, a associação esteve relacionada ao pertencimento ao grupo de estudantes de graduação.
No que se refere ao contexto universitário, os resultados indicam que as mudanças repentinas e os desafios impostos pela pandemia se somaram ao estresse, às preocupações e às angústias dos estudantes que se depararam com a necessidade de reorganizar os processos de aprendizagem e, ao mesmo tempo, vivenciaram mudanças e receios quanto à sobrevivência. Esse processo trouxe imposição à adoção de novos hábitos, afetando a saúde mental dos participantes, a exemplo do consumo de SPA. Vale lembrar que a população universitária já havia sido identificada como um grupo com preocupantes índices de sofrimento psíquico.
Além disso, o estudo possibilitou ampliar a compreensão sobre o estado de saúde mental de homens universitários em meio à pandemia de covid-19, indicando a necessidade de considerar os aspectos relacionados ao processo de construção social de masculinidades. Apesar das transformações nas relações de gênero, ainda hoje os homens são socializados a partir do modelo de masculinidade hegemônica, sendo estimulados a construírem uma identidade masculina pautada na força física, na coragem e na manutenção do papel de provedor material das famílias. Durante os períodos mais críticos da pandemia, os homens universitários se depararam com a inseguranças econômicas e materiais que colocaram em risco a manutenção do modelo de masculinidade hegemônica, o que pode ter contribuído para prejuízos na saúde mental e favorecido o uso de SPA.
Também é importante ressaltar que a presente investigação se centrou em um grupo de homens universitários do Centro-Oeste. Considerando a extensão territorial e a vasta diversidade cultural, é necessário destacar que diferenças regionais exigem que os dados não sejam generalizados. Outra possível limitação diz respeito à utilização de um instrumento autorrespondido, pautado nas percepções e nos relatos dos respondentes, os quais podem se distinguir do estado de saúde medido por outros instrumentos e com a presença de profissionais de saúde. Ademais, os preconceitos relacionados ao uso de SPA podem ter intimidado alguns dos respondentes, favorecendo que alguns deles minimizassem o relato dessas substâncias, que, apesar de comumente utilizadas, são restritas no meio acadêmico. Além disso, por se tratar de um estudo com formulário virtual, grupos mais vulneráveis, como aqueles que não tiveram acesso à internet, ficaram fora da investigação.
Por fim, é preciso considerar algumas limitações relacionadas ao uso da amostragem por conveniência e do método stepwise na análise multivariada. Nesse sentido, é preciso destacar que, no presente estudo, não foi utilizada uma amostra representativa da comunidade universitária pesquisada, exigindo parcimônia na generalização dos resultados. Desse modo, os padrões identificados são meramente específicos da amostra analisada, sem validade em outras populações.
Assim, futuros estudos poderão se debruçar sobre grupos específicos de homens universitários, como indígenas, negros, LGBTQIAPN+, idosos, entre outros, evidenciando suas necessidades específicas. Novos estudos também poderão investigar as implicações na saúde mental e no uso de SPA no período pós-pandêmico, identificando possíveis efeitos tardios.
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Recebido em: 18/04/2024
Última revisão: 06/02/2025
Aceite final: 06/02/2025
Sobre os autores:
Jaíne Aparecida Colecta Galhardo: Doutoranda na Universidad Internacional Iberoamericana, México. Doutoranda em Psicologia pela Universidade Internacional Iberoamericana (Unini). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Psicóloga pela UFMS. E-mail: jainegalhardo@gmail.com, Orcid: https://orcid.org/0009-0000-2249-0950
Ana Karla Silva Soares: Doutora e mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Graduada em Psicologia pela UFPB. Professora-adjunta de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). E-mail: karla.soares@ufms.br, Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5306-4073
Patricia Maria Fonseca Escalda: Doutora em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre com concentração em epidemiologia pela UFMG. Graduação em Farmácia Bioquímica pela UFMG. Professora titular da Universidade de Brasília (UnB). E-mail: escalda@unb.br, Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0021-1193
Thiago Mikael Silva: Pós-doutorando na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas). Doutor em Psicologia Social na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Psicologia Social pela UFMG. Graduado em Psicologia pela Faculdade Ciências da Vida (FCV/Sete Lagoas). Professor da UNA-Divinópolis. E-mail: thiagomikhael@hotmail.com, Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5626-9955
Cremildo João Baptista: Doutor em Saúde Coletiva com concentração em Epidemiologia pelo Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Infectologia e Medicina Tropical pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Bioética pela Universidade de Brasília/Cátedra Unesco de Bioética (UnB). Bacharel em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Professor-adjunto na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). E-mail: cremildo.baptista@ufms.br, Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7955-2657
Alberto Mesaque Martins: [Autor para contato]. Doutor e mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em Psicologia em Saúde pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Graduado em Psicologia pelo Centro Universitário UNA e em Filosofia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Pesquisador em Saúde Pública na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Fiocruz Minas. Bolsista de Produtividade (CNPq). E-mail: albertomesaque@yahoo.com.br, Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6032-3122
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