“Dá até pra fazer poesia”: o recurso estético disparando reflexões e potência
“I can even make poetry”: the esthetic resource triggering reflexions and youngsters’ potential
“Hasta puedo hacer poesia”: el recurso estético disparando reflexiones y potencia
Ana Paula Alves Vieira
Carolina Nascimento Dias
Eliane Regina Pereira1
Universidade Federal de Uberlândia
Resumo
O presente artigo se propõe a apresentar uma experiência de estágio em Psicologia Social e da Saúde com um grupo de jovens em um Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) de uma cidade no interior de Minas Gerais. O encontro do grupo ocorria semanalmente na instituição e as intervenções das estagiárias aconteciam a partir da psicologia histórico-cultural com o uso de recursos estéticos, disparadores dos encontros. Analisamos como tais recursos consistiam em ser mais que disparadores de conversa, mas disparadores de potência. Ao estarem em contato com diversas linguagens artísticas e por meio de conversas geradas a partir de tais linguagens, percebemos que as reflexões originadas levavam à ação, havendo uma tendência à mudança a partir de uma intensificação na autonomia dos participantes. Percebemos uma possibilidade de grupo como potencializador, sendo um espaço onde vários assuntos abordados levam-nos à reflexão e propriamente à ação, tornando-se, assim, uma busca de possibilidades até então cristalizadas ou desconhecidas.
Palavras-chave: Psicologia social e da saúde; Recurso estético; Grupo; Juventude; CRAS.
Abstract
This article intends to present an experience due to an internship in Social and Health Psychology with a group of youngsters in Reference Centre of Social Assistance from a city in Minas Gerais, Brazil. The group used to have weekly meetings inside the institution and intern’s interventions were guided according to cultural-historic psychology using a esthetic resources which were trigger for the meetings. It came to light that such resources worked more than triggers for the conversations, they were triggers for youngsters’ potential. By getting in touch with several artistic languages and after conversations it was possible to conclude that the thoughts eluded there led to action and allowed a tendency to change by supporting participants’ autonomy. It was noted a possibility of group as an optimizer, a space where several subjects lead youngsters to think and then to act which used to be lethargic and an unknown search of possibilities.
Key words: Social and Health Psychology; Aesthetic resource; Group; Youth; CRAS.
Resumen
El presente artículo se propone a presentar una experiencia de práctica en Psicología Social y de la Salud con un grupo de jóvenes en un Centro de Referencia en Asistencia Social (CRAS) de una ciudad del interior de Minas Gerais. El encuentro del grupo ocurria en todas las semanas en la instituición y las intervenciones de las pasantes acontecian a partir de la psicología histórico-cultural con la utilización de recursos esteticos, disparadores de los encuentros. Analizamos como los recursos consistian en ser más que disparaderos de pláticas, pero disparaderos de potencia. Al contactar diversas lenguajes artísticas y por medio de pláticas engendradas a partir de estas lenguajes, percibimos que las reflexiones originadas llevavan a la acción, habendo una tendencia a cambio a partir de una intensificación en la autonomia de los participantes. Percibimos una posibilidad de grupo como potencializador, al cual el espacio donde varios asuntos abordados llevan a la reflexión y propiamiente a la acción, se tornando, así, una busca de posibles hasta entonces cristalizadas o desconocidas.
Palabras-clave: Psicología social y de la salud; Recurso estetico; Grupo; Juventud; CRAS.
“Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas
Mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
Esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
Para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
De ser feliz por isso”.
(Barros, 2003).
O pensar, a reflexão e a experiência não têm tido muito espaço na sociedade contemporânea. Pensando que muita coisa se passa no mundo e cada vez num ritmo mais elevado, ao falar de experiência falamos no sentido que pontua Bondía (2002) daquilo que nos passa e daquilo que nos toca. A experiência demanda então uma pausa para pensar, olhar, sentir e refletir, vivências raras hoje em dia.
Em decorrência da obsessão pelo novo, da concepção de que informação é sinônimo de conhecimento e da necessidade de termos opiniões sobre tudo que acontece na atualidade, a experiência se torna cada vez mais restrita. Ela demanda tempo para apreender o que nos acontece, e o saber gerado por ela requer uma elaboração do sentido ou não sentido daquilo que cada um vivencia, sendo, portanto, um saber particular, já que as pessoas dão um significado subjetivo àquilo que experienciam (Bondía, 2002).
De acordo com Zanella, Lessa e Da Ros (2002), as experiências são descorporificadas, e os sujeitos e os contextos são naturalizados numa perspectiva não histórica. “As relações se processam muito mais por aquilo que está aderido ao objeto/à situação, o que lhe confere um dado significado, do que através do objeto/da situação em si” (p. 212).
O imediatismo, a fragmentação da realidade e a descontinuidade temporal são algumas das características da cultura contemporânea que acabam por afastar o sujeito da sua história de vida e da história dos seus antepassados. Isso tem proporcionado mudanças na realidade social e na forma em que o indivíduo se posiciona diante do mundo, já que os sujeitos são tanto fruto quanto produtores dessa realidade (Zanella, Lessa, & Da Ros, 2002).
Em uma sociedade que nos incentiva a ter sempre uma opinião sem reflexão, na qual aprender significa processar informações e que nos distancia da história tanto pessoal quanto da humanidade, nos propomos a intervir no sentido oposto a esse movimento e provocar essas experiências, assim como reflexões e pensamentos críticos acerca da realidade. Para a intervenção explicitada neste artigo embasamo-nos na teoria histórico-cultural elaborada por Vigotski e seus colaboradores em meados do século XX, uma abordagem crítica preocupada com as dimensões históricas do desenvolvimento humano sem desconsiderar a dimensão biológica, também concernente aos processos psicológicos complexos.
A psicologia de Vigotski (1995) parte do estudo do mais complexo (ser humano) e entende tal como constituído pela sociedade, a qual também é constituída por este dialeticamente. Sendo assim, o desenvolvimento humano se dá por meio da superação das funções psicológicas elementares (instintivas, próprias de todos os animais) desenvolvendo as funções psicológicas superiores (próprias do ser humano), processo que só é possível por meio da mediação.
Assim, o ser humano passa pelo processo de humanização-individualização daquilo que a humanidade produziu apenas com a ajuda de outras pessoas, ou seja, por meio da coletividade e através da mediação. A mediação é um processo realizado por instrumentos físicos e/ou simbólicos. O instrumento físico, como, por exemplo, o uso de uma ferramenta ou uma chave, é direcionado para uma transformação externa, ao ser utilizado ele passa a ser instrumento, e não apenas objeto. Já o instrumento simbólico tem como consequência uma modificação interna, sendo responsável pelo desenvolvimento das funções psicológicas elementares nos seres superiores.
De acordo com Vigotski (1996), os instrumentos psicológicos que possibilitam esse desenvolvimento das funções psicológicas são a linguagem, a escrita, a álgebra, as obras de arte e todo tipo de signo. À medida que são desenvolvidas as funções superiores, também são desenvolvidas outras formas de lidar com a realidade.
Dessa forma, nossa intervenção fundamentada na teoria histórico-cultural se deu no sentido de possibilitar um espaço de reflexão e de discussão acerca do cotidiano ocorrendo um processo de mediação, que contribuísse para o desenvolvimento integral e, consequentemente, para a transformação da realidade. A escolha por essa metodologia de trabalho decorreu do interesse de contribuirmos para que os grupos oprimidos da sociedade, isto é, jovens em sua maioria negros e de classe econômica e cultural baixas, tivessem um espaço garantido onde pudessem problematizar suas condições de vida concretas e, a partir disso, adotarem práticas libertadoras pautadas no diálogo, na ação e na defesa dos seus direitos (Freire, 2015).
Nesse sentido, apresentamos aqui um grupo com jovens1 que coordenamos no Centro de Referência em Assistência Social em uma cidade do interior de Minas Gerais, do qual, em alguns momentos, participaram também as profissionais da instituição. A coordenação do grupo era parte das atividades que realizávamos como estagiárias de Psicologia nessa instituição. Além do grupo, nosso estágio baseava-se também na participação da rotina da instituição, isto é, visitas domiciliares, acolhimentos, pesquisas referentes ao conhecimento de território e participação nos chamados “grupos de descumprimento do programa bolsa família”. Nesses diferentes espaços, nos deparamos com jovens em vivências atravessadas pelo uso de drogas, com abandono da escola, gravidez precoce e violência.
Para a criação do grupo de jovens apresentado neste trabalho, preparamos uma proposta e a apresentamos à equipe do CRAS, esta consistia na realização de um grupo de caráter semanal com jovens de 12 a 18 anos que coordenaríamos como estagiárias de psicologia na instituição. Tratava-se de um grupo aberto, ou seja, não limitávamos números de participantes, no entanto ele aconteceu com aproximadamente oito participantes, com periodicidade semanal, e cada encontro tinha uma hora e trinta minutos de duração. Totalizaram-se nove encontros, os quais foram realizados durante um semestre letivo.
O grupo tinha como objetivo proporcionar um espaço de reflexão acerca da realidade para que, a partir de então, pudesse pensar em ações que modificassem suas vidas de alguma forma. Com esse objetivo, fizemos uso de recursos estéticos, previamente preparados, e que serão mais bem detalhados ao longo do artigo, como disparadores de temas que partiriam do próprio grupo em cada encontro.
Nossa proposta se diferenciava dos grupos que aconteciam no CRAS uma vez que estes aconteciam com as famílias, nos quais as mães eram mais presentes e tinham temáticas específicas a serem abordadas nos encontros. Essas diferenças na proposta do grupo fizeram com que a nossa não fosse aceita tão prontamente, exigindo explicações detalhadas de como os encontros aconteceriam.
Pensando em contribuir na articulação das esferas família, escola, lazer e cultura que a instituição deve se comprometer, fazia-se necessária a criação de um espaço para a juventude refletir, problematizar e discutir sobre sua realidade.
O jovem é um ser de direitos, no entanto é importante refletir se tais direitos lhes são assegurados. Segundo Monteiro e Castro (2008), houve um progresso quanto à importância destinada à juventude na sociedade, porém isso não representa uma cidadania de fato, já que ainda são os adultos os responsáveis por pensar, definir projetos e decidirem ações que dizem respeito à vida dos jovens.
Pensando na juventude e consequentemente na sociedade contemporânea, são escassos os momentos de reflexão sobre a realidade. No espaço em que construímos, propúnhamos exatamente esses pensamentos não tão comuns para os jovens. Para isso utilizávamos da arte como um recurso que possibilita inquietações e experiências estéticas. De acordo com Vigotski (2009, p. 29), “muitas vezes, uma simples combinação de impressões externas – por exemplo, uma obra musical – provoca na pessoa que a ouve um mundo inteiro e complexo de vivências e sentimentos”.
Psicologia e CRAS: Possíveis Relações
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) criada em 2004 implementou diretrizes para a assistência social brasileira. Com a criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que é um modelo de gestão dessa política, houve uma descentralização político-administrativa de modo a respeitar as características e diferenças de cada território, tendo foco nas famílias como prioridade dos serviços, benefícios, programas e projetos. Dentro do SUAS, há dois tipos de proteção: a proteção social básica e a proteção social especial (Brasil, 2004).
A proteção social básica visa prevenir situações de risco por meio de ações de fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, sendo destinada à população em situação de pobreza, de privação e com vínculos socioafetivos frágeis. O Programa de Atenção Integral às famílias (PAIF) faz parte da proteção social básica, e suas ações são executadas diretamente nos CRAS ou em outras unidades básicas e públicas de assistência social.
Já a proteção social especial atua em casos de violação de direitos decorrentes da exclusão social, isto é, onde o risco pessoal ou social já está instalado, como em casos de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua e situação de trabalho infantil. Esta se divide em Proteção Social Especial de Média complexidade, a qual oferece serviços à população cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos, e em Proteção Social Especial de Alta Complexidade, que proporciona proteção integral aos grupos que estão sem referências e em situação de ameaça, devendo ser retirados do convívio familiar e comunitário (Brasil, 2004).
No contexto deste trabalho, os relatos das nossas experiências estão em consonância com a política do SUAS e da proteção social básica. Por essa razão, buscamos referenciais que abordassem a relação entre a assistência social, a psicologia e as políticas públicas de modo que pudéssemos nos capacitar para atuar conforme a PNAS, em que se preconiza “Programas de incentivo ao protagonismo juvenil, e de fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários” (Brasil, 2004, p. 34).
O trabalho do psicólogo na Assistência Social está amparado na Cartilha de referências técnicas para a atuação do psicólogo no CRAS/SUAS, que prevê o fortalecimento das políticas públicas e a garantia de direitos sociais aos usuários do serviço. Nesse sentido, a psicologia tem um papel na transformação da realidade social na medida em que trabalha de modo a promover a emancipação e a autonomia dos sujeitos ao investir nas suas histórias e no que apresentam como recursos e potencialidades (Conselho Federal de Psicologia, 2007).
Ainda segundo a Cartilha, uma das diretrizes para a atuação do psicólogo nos serviços, benefícios e programas do CRAS é:
Fomentar espaços de interação dialógica que integrem vivências, leitura crítica da realidade e ação criativa e transformadora, a fim de que as pessoas reconheçam-se e se movimentem na condição de co-construtoras de si e dos seus contextos social, comunitário e familiar. (Conselho Federal de Psicologia, 2007, p. 27).
Dessa forma, os grupos são formas pertinentes de intervenção nessa instituição, fazendo-se necessária. O grupo é um espaço que potencializa a voz das famílias, um espaço que se faz necessário nos dias de hoje e que o CRAS pode e deve oferecer.
De acordo com Lane (1985) o grupo se caracteriza pelo encontro, desencontro e confronto de diferentes sujeitos, sendo um momento de emersão e expressão de variados sentimentos.
Ainda segundo a autora, é impossível pensar um sujeito desconectado do contexto social no qual está inserido, pois, desde o seu nascimento, ele convive com grupos sociais e se constitui no emaranhado dessas relações. É a partir da linguagem, código produzido pela sociedade, que o ser humano se comunica e estabelece relações, age e participa dentro dos grupos. A consciência de si é, portanto, também uma consciência social, na medida em que o refletir e o pensar se dá nas e pelas relações sociais. Assim, “toda análise que se fizer do indivíduo terá de se remeter ao grupo a que ele pertence, à classe social, enfocando a relação dialética ser humano-sociedade, atentando para os diversos momentos dessa relação” (Lane, 1985, p. 84).
Há, na maior parte do tempo, uma reprodução de ideologia dentro do grupo, seja por sua forma de organização, seja por suas ações. Isso significa que ele desempenha um papel histórico de cultivar ou transformar as relações sociais advindas das relações de produção (Lane, 1985).
Os grupos são notáveis potencializadores quando se reconhecem como agentes na produção material de suas vidas. Ao tomarem consciência das contradições históricas que vivenciam, se seus membros se unificam nesse processo, pode haver a realização de atividades que visam à transformação da realidade histórico-social (Lane, 1985).
Nesse sentido, propusemos espaços que valorizassem a experiência dos sujeitos, contribuindo para que estes reconhecessem sua identidade, e uma forma de promover e fortalecer vínculos socioafetivos. Ao entendermos que o sujeito se constitui nas relações sociais, os grupos a que os sujeitos pertencem constituem os lugares sociais que esses mesmos indivíduos assumem. Visando às finalidades supracitadas, utilizávamos para início dos encontros, recursos estéticos, tais como poesias, músicas, fotografias e imagens.
Recursos Estéticos como Disparadores de Potência
Os recursos utilizados foram escolhidos por nós, estagiárias, e pelos próprios jovens do grupo, pensando no envolvimento dos jovens e no potencial de disparar conversas que lhes interessassem. Assim, buscávamos em supervisões discutir sobre tais recursos, sempre com a preocupação de não enviesarmos ou restringirmos reflexões, mas sim de ampliarmos os sentidos daquilo que trabalhávamos. De acordo com Maheirie et al. (2012), o conceito estética a partir dos autores Vygotsky e Vàzquez se refere a uma relação em que há uma sensibilização do sujeito trazendo novas formas de compreender um objeto.
Ainda segundo os autores, as relações estéticas são aquelas que transfiguram os sentidos cristalizados e ampliam olhares, escutas e afetos, possibilitando desestabilizar verdades. Os chamados recursos estéticos seriam então ferramentas que possibilitam um disparar dessas experiências estéticas, a fim de suscitar novos olhares sobre suas vidas e o meio em que vivem (Maheirie et al., 2012).
Vigotski (2003) caracteriza a vivência estética como sendo resultado da combinação de excitação, elaboração e resposta, como qualquer reação comum. No entanto as influências sensíveis podem ser organizadas e construídas de modo que um determinado recurso estético provoque nos organismos uma reação diferente da habitual, sendo que é nesse processo que se encontra a essência da vivência estética.
A arte se configura por aquilo que ultrapassa a vida no indivíduo, produzindo emoções que estruturam os processos psicológicos e criam algo novo. A estética relaciona-se com a vivência da arte, sendo essa uma reação transformadora na medida em coloca o indivíduo num lugar diferente do habitual provocando uma sensibilização que possibilita formas inovadoras de estar na realidade e se relacionar com as coisas, objetos e situações (Vigotski, 2003).
Dessa forma, nos encontros, as obras de arte eram mais que disparadores de tema, pois sendo consideradas instrumentos psicológicos, isso significa dizer que possibilitavam o desenvolvimento de funções psicológicas complexas (Vigotski, 1996). Assim, novas formas de pensar e de agir sobre a realidade se fizeram possíveis a partir dos recursos estéticos e das discussões, o que nos leva à conclusão de que houve um processo de potencialização dos jovens envolvidos no grupo.
Espinosa (1983) contribui para a compreensão do termo potência, que aqui usamos como sinônimo de força transformadora e possibilitadora da criação de novos sentidos e ações.
O racionalismo absoluto defendido por Espinosa representa a libertação das causas da ignorância e do medo, a fim de que não sejamos consequência dos efeitos da política, da religião e da imaginação – que nos dá a imagem das coisas, sem proporcionar a natureza verdadeira delas. Em contrapartida, é uma filosofia da ética da alegria, da felicidade, da satisfação intelectual e da liberdade individual e política. Há uma valorização na capacidade liberadora da razão, enfatizando que nosso intelecto tem a capacidade de conhecer tudo que existe em nossa realidade (Chaui, 1995).
A reflexão possibilita que o intelecto se perceba como inteligência, que nada mais é do que um ato que possui a potência para pensar e para o verdadeiro. A autora utiliza o termo potência a partir da concepção espinosona, que significa força atual (Chaui, 1995).
Espinosa discorre sobre o termo conatus, que é uma potência natural de auto conservação que todos os seres possuem com o objetivo de preservarem suas existências.
Nosso ser é definido pela intensidade maior ou menor da força para existir – no caso do corpo, da força maior ou menor para afetar outros corpos e ser afetados por eles; no caso da alma, da força maior ou menor para pensar. A variação da intensidade da potência para existir depende da qualidade de nossos apetites e desejos e, portanto, da maneira como nos relacionamos com as forças externas. (Chaui, 1995, p. 64).
Desse modo, denomina-se alegria o sentimento vivenciado quando a nossa força para existir e pensar aumenta, fato que acontece quando nosso desejo é realizado. Se esse aumento advém de uma causa externa, o mesmo é chamado de amor. Caso o desejo seja frustrado, temos a tristeza e a diminuição da capacidade para existir, sendo que, se a diminuição for efeito de uma causa externa, chama-se ódio (Chaui, 1995).
O conatus aumenta conforme as paixões tristes são afastadas e as alegres, aproximadas. Assim, a possibilidade de ação reflexiva encontra-se na afetividade, que é uma parte da essência do humano, uma vez que pensamos e agimos conforme nossos afetos (Chaui, 1995).
É possível fazer uma aproximação entre os pensamentos espinosanos e vigotskianos. A noção de intelectualismo, instrumentos intelectuais e determinismo presente na obra de Vigotski são provenientes da filosofia de Espinosa, sendo que aquele utilizou os conceitos deste para elaborar sua concepção de que o desenvolvimento do psiquismo se dá a partir da apropriação cultural.
Foi a partir dessa compreensão que Vigotski desenvolveu estudos sobre as funções psicológicas superiores. Elas representam a formação de um psiquismo mais elaborado que acontece quando a razão domina as condições naturais, isto é, supera a biologia (Chaves, Maia Filho, Oliveira, & Pereira Neto, 2012).
Espinosa também rompeu com o dualismo mente-corpo presente na obra de Descartes e, em sem lugar, criou uma nova concepção que conseguiu acessar o real mecanismo de funcionamento das funções psicológicas. Tais funções, para Vigotski, têm o poder de controlar as funções cognitivas humanas (Chaves et al., 2012).
Assim, influenciado por Espinosa, Vigotski constatou que “é por meio do intelectualismo e do uso de ferramentas intelectuais (simbólicas) que a organização do comportamento humano se dá” (Chaves et al., 2012, p. 141), sendo que o mesmo acontece com as emoções.
O grupo de jovens possibilitou, portanto, a intensificação do conatus na medida em que eles viveram um processo de reconhecimento de si próprios e da realidade social, econômica e cultural que estavam inseridos. Afetados pelas reflexões geradas nos encontros, vimos que os jovens se empoderaram de suas histórias e se viram como agentes transformadores da realidade por eles vivenciada.
Novos Encontros, Novas Potências: Algumas Cenas
Os encontros aconteciam no CRAS, em uma sala utilizada pela instituição para realizar reuniões com os grupos que já existiam; além disso, o ambiente era composto por cadeiras, uma televisão e um aparelho de DVD. Sentíamos que o espaço poderia ser mais bem explorado e que sua própria organização contava um pouco da instituição: um espaço formal e não muito convidativo. A sala era um ambiente comum e nada continha de diferente que pudesse chamar a atenção dos jovens provocando neles algum tipo de sensibilidade.
Buscamos, em alguns encontros, dar mais vida àquele ambiente, deixando-o mais aconchegante e criando um lugar que pudesse dialogar com os jovens e com a proposta de desconstruirmos verdades absolutas e construção conjunta de sentidos. Com o objetivo de ouvi-los, dando espaço para conversar sobre o que queriam e propiciando um local onde pudessem exercitar uma liberdade de expressão, em cada encontro reorganizávamos o ambiente, ora com imagens e fotografias nas paredes, ora com um varal de poesia ou de imagens, ora com propostas de começarmos o encontro circulando pela sala como uma forma de darmos movimento ao ambiente. Essa reorganização fazia parte de nossa proposta de levarmos para cada encontro diferentes ferramentas que suscitassem reflexões e discussões para os jovens, além de tornar o espaço do CRAS um lugar possível de imaginar.
Dentre os diferentes recursos que levamos, como imagens, fotografias, vídeos, músicas, livros, recortes, telas e tintas, alguns nos chamaram atenção pelo maior envolvimento dos jovens. Em um dos encontros, levamos como recurso estético o “Livro das Perguntas” de Pablo Neruda. Participaram desse grupo, pela primeira vez, três irmãs que diziam juntas não saberem o que faziam ali, que a mãe, de certa forma, as tinha obrigado a participar. Elas afirmavam ainda que, certamente, não iriam gostar do grupo, pois elas não gostavam da escola. Explicamos que o grupo não tinha caráter obrigatório e que elas eram nossas convidadas a participar. Apresentamos o livro ao grupo e começamos estimulando-o a pensar sobre as perguntas, as que fazemos a nós mesmos, às outras pessoas e no geral. Pensamos, então, juntos, sobre o que era pergunta, se nos fazíamos perguntas a nós e aos outros. Depois passamos o livro para que todos olhassem e, em seguida, passamos um envelope com perguntas retiradas do livro, em que cada um retirava uma, para então começarmos a discussão.
As perguntas despertaram vários assuntos, tais como se existe uma verdade absoluta, os diferentes pontos de vista existentes; também foram feitos relatos de casos pessoais, relatos de problemas, houve aqueles que falaram sobre a escola, sobre o pensamento e o preconceito. Alguns diziam não gostar de pensar, não gostar de buscar entender o porquê das coisas e que não costumavam fazer isso, demonstrando uma postura característica da sociedade contemporânea em que vivemos. Outros já se mostravam mais introspectivos e que, por mais que pensassem, não parecia ser comum o compartilhamento desses pensamentos. Nesse grupo, buscamos falar sobre a relativização dos fatos, sobre os diferentes pontos de vistas que podemos ter diante das histórias e da realidade e de como isso interfere, ou até mesmo determina, em nossas atitudes e comportamentos.
Os jovens compartilharam muito suas afinidades, uma jovem gostava de desenhar, outro de escrever, outra de cantar. Diante disso, perguntamos se eles faziam alguma coisa que estimulasse esses interesses, como aulas ou oficinas. Eles nos apresentaram vários impedimentos à realização de tais atividades, dentre eles a falta de informação de onde poderiam potencializar essas aptidões Assim, informamos sobre as oficinas que ocorriam nas ONGs do bairro e os orientamos a procurá-las, ao que prontamente se mostraram curiosos e animados com a ideia.
As três irmãs que no início do grupo comentaram não gostar de estudar, ao final do encontro falaram sobre a vontade de voltar à escola. Elas relataram sobre a falta que a escola fazia, mostrando-se mais abertas a falar e a pensar sobre o assunto depois das reflexões e discussões geradas no grupo. Elas perceberam que havia coisas de que gostavam na escola que eram interessantes. Vimos que elas passaram a fazer um novo movimento, colocando a escola não mais apenas no campo da obrigação, isto é, como algo imposto e distanciado da realidade de vida delas. As possibilidades de escreverem novas histórias de vida a partir das contribuições que a escola oferece – como conhecimento científico, reflexão do mundo e novas relações interpessoais – ampliaram suas expectativas em relação àquela.
Tal mudança na fala das irmãs e a vontade de todos em frequentar oficinas de música, desenho ou alguma outra surgiram durante o encontro, a partir do contato com o recurso estético e das discussões no grupo. Esse fato demonstra a necessidade de espaços assim, cuja mediação suscite a reflexão sobre a realidade, possibilitando ação.
Em outro encontro, um dos jovens, que já havia participado de outros grupos, sugeriu a praça como possível local para nos reunirmos. Percebemos um envolvimento do grupo, que sentiu necessidade de sair do CRAS, de desinstitucionalizar as reflexões e vivenciar o encontro de maneira menos formalizada.
Assim, realizamos o encontro em uma praça próxima ao bairro. Encontramo-nos no CRAS e, como não havia praça no bairro onde o CRAS estava localizado, fomos juntos com o motorista da instituição até a mais próxima, situada no bairro ao lado. Ela era pequena, possuía uma quadra que era frequentada por jovens que jogavam futebol. Também era conhecida como sendo ponto de encontro para uso de drogas, como afirmaram os jovens do grupo que a conheciam. Alguns jovens nunca haviam ido à praça.
Organizamos o espaço com a ajuda de todos os envolvidos do grupo. Levamos livros, construímos um varal de poesias, convidamos uma pessoa de fora que tocava violão, montamos um slackline e, ao centro, estendemos um forro para colocarmos o lanche: pipoca, suco e refrigerante, fornecidos pelo CRAS, um bolo levado por Marcelo2 e pão de queijo levado por Luana.
Quase todos tentaram andar no slackline, e isso chamou atenção dos outros jovens que se encontravam na praça, eles começaram a interagir, sendo posteriormente convidados a participarem dos encontros no CRAS. A aproximação desses jovens sinalizou-nos a importância de ocuparmos os espaços do bairro, como praças, com atividades diferenciadas para que os jovens tenham possibilidade de conhecer coisas diferentes das que estão habituados, expandindo o leque de experiências, possibilitando transformações.
Enquanto os jovens observavam e liam o varal de poesias que havíamos montado entre duas árvores, surgiram conversas sobre as poesias, sobre o que elas diziam, sobre sentimentos como tristeza, raiva, profissões, livros, músicas e sobre o que gostamos de fazer.
A partir da leitura de algumas poesias que remetiam às coisas simples da vida, como alguns escritos de Manoel de Barros, começamos a conversar sobre isso: as coisas simples que sentíamos prazer em fazer no dia a dia, como Marcelo, por exemplo, um jovem que escrevia e que se mostrou envolvido nos encontros, ele refletia e gostava de falar sobre a vida, e citou como uma forma de simples prazer “andar com meias no chão gelado”. Lucia, outra jovem envolvida na conversa disse: “dá até pra fazer poesia”.
Espinosa (1983) nos explica que, existindo, o sujeito dispõe seu corpo ao contato com outros corpos e, nesse contato, “o corpo humano é afetado pelos corpos exteriores de um grande número de maneiras” (p. 211). Cada corpo, portanto, tem sua potência
aumentada ou diminuída, favorecida ou entravada, assim como as ideias dessas afecções. (...) O corpo humano pode ser afetado de numerosas maneiras pelas quais a sua potência de agir é aumentada ou diminuída; e, ainda, por outras que não aumentam nem diminuem a sua potência de agir. (...) As afecções, com efeito, são modos pelos quais as partes do corpo humano, e, consequentemente, o corpo humano, na sua totalidade, é afetado. (Espinosa, 1983, p. 184)
Nas falas de Marcelo e Lucia, destacadas anteriormente, fica evidenciado que o contato com outros corpos, que o contato com a poesia, transforma as afecções em força que permite a esses sujeitos transcenderem as condições de existência, promovida por uma reflexão afetiva.
Vemos nesses comentários dos jovens um processo de sensibilização vivenciado por eles. A poesia e a arte deixaram de ser algo erudito e distanciado e passou a dialogar com a realidade desses jovens. A fala de Lucia sinaliza o quanto a ampliação de experiência proporcionada nos encontros a partir do contato com os recursos estéticos provoca mudanças também na consciência, na forma de interpretar e visualizar a realidade. Esse pensamento em escrever uma poesia só foi possível devido aos encontros que tivemos anteriormente e pela própria presença do varal de poesias nesse encontro. O contato com poesias era uma atividade nova para eles, bem como o contato com muitos recursos disponibilizados, talvez menos para Marcelo que já escrevia, mas o fato de agora Lucia pensar em escrever uma, nos permite pensar que ela foi afetada de alguma forma.
No mesmo encontro, havia outro jovem, Antônio, que participava pela primeira vez. Ele fazia parte de uma das famílias acompanhadas pelo CRAS. Em atendimento psicossocial, sua mãe queixava-se de que ele não fazia nada além de jogar no computador, sendo desse atendimento com sua mãe que surgiu o convite para o grupo. Antônio foi à praça nos contando que não a conhecia e que não saia muito de casa. Ele parecia envolvido no encontro e encantado com o violão, um dos recursos estéticos que levamos. Ele aprendeu um acorde com o nosso convidado que tocava violão e se interessou em fazer aula e aprender mais. Quando tirávamos foto, ele dizia “só tiro se for com o violão”. Ao final do encontro reforçou querer entrar numa aula de música; baseado nisso e mencionando também o quanto ele gostou do encontro, disse “Foi melhor que computador e poucas coisas são melhores que computadores”.
Já Marcelo se interessou mais pelo livro que levamos “Mania de Explicação” de Adriana Falcão, ele, inclusive, anotou o nome do livro para procurar depois. Esses novos interesses dos jovens mostram como os recursos estéticos são potentes e que a oferta de espaços como esses se faz necessária no mundo em que vivemos.
Os diálogos iniciados a partir dos recursos estéticos se configuraram em conversas em que foi possível conhecer a realidade dos jovens e compreender as questões que perpassam sua constituição. Nos diferentes encontros, surgiram discussões que o próprio grupo quis abordar, questões referentes à família, etapas da vida, escola, futuro, sentimentos e independência apareceram como demanda deles, e nós, estagiárias, coordenávamos no sentido de mediar e propor reflexões para além do que estava sendo dito.
Diante desse processo, percebemos que o grupo foi um espaço de troca no qual os jovens puderam se revelar e demonstrar seus interesses. Luiza, uma jovem de quinze anos que tinha um filho pequeno, nos disse que pretendia voltar a estudar e, ainda, que gosta de cantar, também procurou uma ONG para realização de oficinas.
Durante o processo do estágio, buscamos fazer articulação com a Rede, isto é, fazer parcerias com as escolas próximas, bem como ONGs e demais instituições voltadas à infância e adolescência, situadas no bairro. O nosso objetivo era que os jovens conhecessem o território onde viviam e a oferta de espaços relacionados à cultura, lazer e outras possibilidades de aprendizagem.
Desse modo, para o último encontro, que também foi realizado na praça, convidamos um oficineiro de uma ONG do bairro, para que ele pudesse apresentar ao grupo os diferentes projetos da instituição e das oficinas que ela oferecia. A mobilização dos jovens se materializou sobretudo nesse encontro, já que, nesse mesmo dia, todos os jovens que estavam presentes se interessaram e se inscreveram em oficinas, como a de cinema, dança e música.
Considerações Finais
Por meio dos recursos estéticos vivenciamos um processo transformador. O grupo com jovens se configurou como um espaço em que poderíamos conversar sobre diferentes temas de modo a legitimarmos suas queixas, mas também propormos reflexões que os colocassem numa situação de não passividade e de crítica em relação à realidade em que vivem e as possibilidades de mudanças. Assim os jovens puderam, ao ter contato com o recurso estético, ao refletir sobre a própria realidade e ao participar das discussões, pensar em ações que modificassem suas vidas de alguma forma.
Por se tratar de um grupo aberto, sem exigência de frequência, a cada encontro surgia a insegurança quanto à participação dos jovens, se eles compareceriam e se estariam abertos para conversar. No entanto essa dúvida foi se dissolvendo à medida que os jovens começaram a participar semanalmente e entenderam que aquele era um espaço deles, pensado para e também por eles. Um reflexo dessa participação foi a sugestão de realizarmos o encontro na praça.
A partir dessa experiência de realizar grupos com jovens numa instituição municipal localizada num bairro com população economicamente vulnerável, pudemos vivenciar lugares e estar com pessoas que nos possibilitaram encontros espinosanos. Não só os jovens como nós, estagiárias, também participamos de um processo de desconstrução de crenças acerca de quem é o jovem da periferia, o trabalho do psicólogo e a promoção de saúde no contexto da assistência social.
É interessante destacar o quanto é válida a criação de espaços na comunidade em que as pessoas possam falar de si, dos problemas sociais, dos enfrentamentos e desafios cotidianos. Os diálogos são promotores de saúde na medida em que dão voz e autoria à vida de muitas pessoas que são silenciadas pela condição social que vivenciam. Vimos que estar com o outro de modo a ouvi-lo, entendendo seus pontos de vista e buscando ampliar as possibilidades de se relacionarem, é uma forma importante de enriquecermos vínculos e proporcionarmos inquietações que geram interesse em mudar e transformar a própria realidade e/ou realidade social.
Referências
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Recebido: 03/02/2016
Última revisão: 26/07/2016
Aceite final: 02/08/2016
Sobre os autores:
Ana Paula Alves Vieira: Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia, mestranda em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá.
E-mail: anapaulaaaa@gmail.com
Carolina Nascimento Dias: Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia, mestranda em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Professora substituta da Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia.
E-mail: carolina.ndias@gmail.com
Eliane Regina Pereira: Professora Doutora da Universidade Federal de Uberlândia.
E-mail: pereira.elianeregina@gmail.com
1 Adotamos a nomenclatura jovens, ao invés de adolescentes, pois a última está relacionada a uma fase do desenvolvimento humano marcada por um tempo biológico. Já o termo jovens propõe uma extensão do sentido, incluindo os aspectos contextuais, sociais, econômicos e culturas que influenciam o ser jovem.
2 Todos os nomes utilizados neste artigo são fictícios e por se tratar de um relato de experiência, temos a aquiescência da instituição e dos participantes sobre os registros em diário de campo e uso das falas em supervisões e publicações.
1 Endereço de contato: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Psicologia. Av. Pará,1720, Umuarama, Uberlândia, MG, Brasil, CEP 38400-902. Telefone: (34) 3218-2547 - Ramal: 2822. www.ip.ufu.br. E-mail: anapaulaaaa@gmail.com
DOI: http://dx.doi.org/10.20435/2177-093X-2016-v8-n2(05)