Uma abordagem linguageira do mal-estar
DOI:
https://doi.org/10.20435/pssa.v10i1.549Palavras-chave:
psicanálise, cultura, linguagem.Resumo
Este artigo parte da discussão sobre a concepção freudiana de cultura, para derivar uma perspectiva de oposição entre, de um lado, o desamparo radical da cria humana enquanto uma espécie de medida da condição ética e, de outro, posicionamentos de defesa do reducionismo dos fenômenos psíquicos a determinantes biológicos, naturalistas e/ou fisicalistas, como um modo de escamoteamento do mal-estar daí decorrente. Ao tomar a concepção de cultura como um operador de leitura, o artigo delimita distinções estruturais entre as práticas de reconhecimento do mal-estar por abordagens discursivas – seguindo a orientação de Lacan em seu retorno a Freud – e aquelas que buscam embasamento epistemológico no modelo das ciências da natureza. Como resultado, defendemos que uma delimitação, em termos de linguagem para o mal-estar, implica na condição clínica de sua narratividade e na inclusão de uma concepção de sujeito incompatível com o modelo das ciências da natureza.
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